quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Escolhendo as salas

Hoje, 28/01, foi dia de escolher as salas de aula para esse ano. Como único efetivo da cadeira de Física da minha escola, posso escolher minhas turmas "à vontade". Claro, não posso exagerar no número de salas senão não sobra tempo para trabalhar e ganhar a vida.

Na verdade tenho "carga inicial" (o que significa que pego apenas o número mínimo de aulas a que sou obrigado legalmente: 20 aulas). Poderia completar minha carga horária se quisesse e se não tivesse contas para pagar, mas como tenho família e contas à pagar, "não posso" completar a carga horária e tenho que deixar um tempo disponível para poder trabalhar em coisas que realmente pagam melhor pelo meu trabalho. Ainda falaremos desse assunto muitas vezes...

Escolher as classes é algo interessante porque na verdade não sabemos quem serão os alunos que estarão nelas. Principalmente quando escolhemos as classes dos primeiros colegiais. Quem serão eles? Como serão? Será que vai ser como no ano passado? Ou vamos continuar recebendo alunos cada vez piores? Só o tempo (pouco agora) nos dirá.

Para o período da manhã escolhi sete classes: os quatro primeiros colegiais; um dos três segundos colegiais e os dois terceiros colegiais.

Para o período da noite escolhi os três terceiros colegiais e depois ainda pretendo escolher uma das classes de EJA (Ensino de Jovens e Adultos) como carga suplementar (eu gosto muito daquela turminha de gente crescida lutando para concluir o Ensino Médio - também voltarei a falar deles muitas vezes ainda).

Várias classes não puderam ser escolhidas (ou eu teria muitas aulas) e serão escolhidas futuramente por professores temporários (OFAs). No final tudo sempre termina bem e ninguém fica sem professor. :)

O critério que escolhi para escolher as salar foi bastante simples:
  1. Todos os primeiros colegiais da manhã: eles estão chegando agora e precisam se adaptar à escola e ao Ensino Médio; considero bastante importante que eles tenham um professor que possivelmente também cruzarão pelos anos seguintes. Além disso, gosto do desafio de "colocar a molecada na linha", ou seja, ajudá-los a se adaptarem a um ensino que não tem mais o estigma de "progressão continuada" e que será "bem mais puxado" do que o que tiveram até agora. Enfim, eu curto os pequeninos! Porém, nas turmas do noturno eu não pude pegar nenhum primeiro colegial, uma pena, mas não coube no meu horário.
  2. Os segundos colegiais da manhã já passaram por mim no ano passado, quando estavam no primeiro colegial, e já estão adaptados. Escolhi apenas um deles porque, como já disse, não dá para escolher todas as salas. Nas turmas da noite também não pude pegar nenhuma sala de segundo colegial.
  3. Peguei todos os terceiros colegiais regulares e ainda pretendo pegar mais um: a turma do EJA. Os terceiros anos têm que pensar um pouco mais enfaticamente no futuro (faculdade) e a programação deles exige também que o professor tenha um bom conhecimento de Física Moderna. Como estou apto a suprir essas necessidades deles, escolhi todas as turmas.
De fato, qualquer que fosse a escolha ela não traria nenhuma facilidade ou dificuldade extra. Alunos são incrivelmente parecidos em todas as salas, apesar de que em algumas delas ocorra esporadicamente uma concentração maior de "problemas potenciais".

Agora que a escolha está feita é só esperar o início das aulas para ver as carinhas novas dos primeiros colegiais e as figurinhas carimbadas dos segundos e terceiros.

Todos à bordo! Lá vamos nós de novo...

Bem vindo à Nave Escola, um Diário de Bordo do cotidiano de uma escola pública na visão de um professor do Ensino Médio do Estado de São Paulo.

Eu sei que vai ser difícil levar adiante esse blog por muitas razões. Razões que vão da política (e do impedimento legal de fazer críticas muito diretas aos meus superiores) ao cotidiano de alguém que tem que manter vários empregos simultâneos para sobreviver. Mas, como nada tem sido fácil na vida mesmo, esse blog será apenas mais um desafio.

O que pretendo com esse blog?
  • Relatar o cotidiano de uma escola pública na visão de um professor do Ensino Médio;
  • Propor reflexões sobre esse cotidiano que possam contribuir para a melhoria da escola pública;
  • Descrever, do meu ponto de vista, a complexa teia de relações que envolve uma escola pública, seus agentes e seu público.
A quem se destina esse blog?
  • É difícil dizer a quem se destina um blog que trata de Educação, mas suponho que possa interessar a outros professores e a pessoas ligadas ao ensino de uma forma geral;
  • Talvez, pelo estilo de narrativa na forma de crônica do cotidiano, pessoas que apenas gostam de ouvir estórias também tenham algum interesse.
Como pretendo escrever esse diário de bordo?
  • Na forma de narrativa em primeira pessoa com um estilo próximo de uma crônica do cotidiano;
  • Sem identificar pessoas (principalmente porque a maioria dos personagens serão alunos menores de idade e colegas de trabalho);
  • Sem nenhuma pretensão literária. Por isso não esperem muito do texto;
  • Com postagens aleatórias e motivadas diretamente pelos acontecimentos.
Como você pode me ajudar ou atrapalhar?
  • Comentando os textos;
  • Respondendo as enquetes;
  • Sugerindo e criticando;
  • Depositando dinheiro na minha conta (Ha ha ha! Essa foi boa!)
Então, vamos embarcar nessa viagem?