tag:blogger.com,1999:blog-25097520537013583052024-03-12T23:47:23.284-03:00Nave Escola - Diário de BordoO cotidiano de uma escola pública pela ótica de um professor do Ensino Médio.Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.comBlogger64125tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-18535440443967712602011-04-30T12:16:00.000-03:002011-04-30T12:16:10.093-03:00Escola Pública - Território de conflitos - parte 2<div style="text-align: justify;">No outro artigo dessa série falei um pouco dos conflitos gerados pelo próprio engessamento do sistema que praticamente obriga o professor a fazer as trapalhadas que algum burrocrata de gabinete imagina que serão "grandes soluções para a Educação paulista". Fiquei devendo um outro artigo falando dos conflitos gerados internamente, entre alunos e professores ou entre alunos e alunos. Então esse é o tema desse artigo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Primeiro é preciso entender que os conflitos entre alunos e professores não surgiram apenas nos últimos anos, eles são "eternos". Esses conflitos advém de muitas motivações, internas e externas à escola, mas acabam explodindo dentro das salas de aula ou nos corredores da escola.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Quase sempre os conflitos entre professores e alunos se escondem sobre o tema "disciplina". Entende-se que o professor deseje uma sala de aula com alunos calados, enfileirados, educados e atenciosos. Mas não é bem assim. Os professores são bastante tolerantes com pequenos desvios de conduta, não exigem que seus alunos permaneçam sempre enfileirados e, muito menos, que fiquem calados o tempo todo. De certa forma, quem imagina um professor "linha dura", do tipo descrito acima, provavelmente não conhece nenhuma escola real e só ouviu falar delas nos livros, quando muito.<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">A questão da disciplina envolve outros aspectos, além da produtividade específica do trabalho pedagógico que o professor desenvolve. A disciplina envolve também o ensino de "valores", mas isso quase ninguém vê quando está fora da sala de aula.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Há sim momentos em que o professor precisa que os alunos fiquem calados e o ouçam, e os alunos precisam aprender a respeitar esses momentos. Há limites para as brincadeiras que os alunos podem fazer em sala de aula, há regras de conduta social para com os colegas e para com os professores. Enfim, a escola não é uma terra de bárbaros onde hordas podem digladiar-se à revelia de qualquer ordenamento social.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Compreender isso já não é fácil para muitos professores que, eles mesmos, foram alunos indisciplinados. Estabelecer normas e compromissos com adolescentes que não aprenderam isso em suas casas, durante sua infância toda, e que também não aprenderam nos primeiros anos da escola, é uma tarefa hercúlea para o professor que não quer abrir mão de oferecer um ensino de qualidade. Mas é possível e, acima de tudo, necessário que seja feito.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tivemos uma grande batalha no primeiro bimestre, entre professores compromissados e alunos "sem noção". A direção da escola escolheu o rumo certo, já há algum tempo, e tem dado suporte a ações que visam criar um ambiente agradável de convívio. E é disso mesmo, um ambiente agradável, saudável e produtivo, para o convívio e o trabalho coletivo, que estamos falando quando falamos em "conflitos entre professores e alunos e entre alunos e alunos".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A barbárie não pode prevalecer. O professor não pode abrir mão de seu compromisso legal, ético e moral com a formação integral de seus alunos, e a direção da escola não pode se omitir de seu trabalho, também pedagógico, para se esconder atrás da montanha de papéis que é obrigada a preencher todos os dias.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Após quase três meses de convívio, a maioria dos nossos novos alunos já está integrada à escola, enturmada com os novos amigos e ciente dos limites e responsabilidades que têm. Sempre restarão alguns que precisarão de um tempo maior para se tornarem socialmente ajustados, mas temos paciência e perseverança para lidar com eles.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O que sinto falta na escola (em todas elas) é de um programa sério de capacitação de professores e gestores para a gestão de conflitos e de pessoas. Professores que administram bem os conflitos (inevitáveis) com seus alunos, vivem mais e melhor, e muitas vezes conseguem ser felizes. Na contramão, há muita gente que não tem habilidades suficientes para lidar com os conflitos e acabam sendo, eles mesmos, geradores de conflitos. Nesse sentido a escola pública ainda é muito pobre.</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-51932041488697510302011-02-23T01:50:00.000-03:002011-02-23T01:50:58.876-03:00Uma pequena pausa para um reconhecimento merecido<div style="text-align: justify;">As coisas às vezes mudam, às vezes não. Em alguns lugares elas podem mudar, em outros não. Não é possível que mudanças ocorram sempre e em todos os lugares, mas é preciso persegui-las, em todos os lugares e tempos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Faço uma pausa na minha prometida série sobre os conflitos escolares para dar o devido reconhecimento à iniciativa do novo Secretário da Educação de SP, Herman Voorwald, de discutir os problemas da rede antes de sair por aí dando canetadas, como tem sido a práxis dessa secretaria na era tucana (16 longos anos...).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Transcrevo abaixo matéria publicada no site da secretaria e, abaixo dela, teço alguns comentários sobre essa iniciativa do ponto de vista de quem será parte dos "consultados".</div><br />
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<div style="text-align: justify;">Quinta- feira, 17 de fevereiro de 2011 16h00</div><div style="font-weight: bold; text-align: justify;"><b>Secretário e rede iniciam discussões sobre progressão <br />
continuada e reforço escolar</b></div><div style="font-style: italic; text-align: justify;"><i>Primeira reunião do ciclo de debates, realizada em Guarulhos,<br />
reuniu professores e profissionais envolvidos no processo de <br />
alfabetização na região para debater reestruturação do <br />
Ensino Fundamental e Médio </i> </div><div style="text-align: justify;">Está para começar a quarta reunião do secretário de Estado da Educação, professor Herman Voorwald, com 400 representantes de servidores da Educação. A série de encontros com profissionais da rede estadual de educação tem o objetivo de debater a proposta de Reorganização dos Ensinos Fundamental e Médio. Ao longo do dia, o secretário terá apresentado o modelo a cerca de 1600 integrantes das categorias dos professores, diretores de escolas e de supervisores das regiões de Guarulhos (Norte e Sul), Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes e Suzano. Pela manhã, o debate contou com a presença de professores e dirigentes de ensino. </div><div style="text-align: justify;">“Sabemos que é uma missão praticamente impossível falar com todos os servidores da rede, mas temos o compromisso de visitar todos os pólos do Estado e ouvir o maior número possível de educadores. A diretriz dessa gestão é envolver as pessoas e consolidar democraticamente a política educacional no Estado. Educação é isso: traçar uma estratégia, dialogar e trabalhar coletivamente para chegar aos objetivos traçados", destacou o secretário de Estado da Educação, professor Herman Voorwald. </div><div style="text-align: justify;">Todas as regiões do Estado serão visitadas. O objetivo principal dos encontros é apresentar ideias e, principalmente, ouvir as sugestões e colher contribuições dos educadores da rede, para melhorar a educação de São Paulo. </div><div style="text-align: justify;"><b>Reorganização dos ciclos de progressão continuada </b></div><div style="text-align: justify;">A proposta apresentada pela Secretaria de Estado da Educação visa alterar o atual modelo de progressão continuada de forma a permitir que os alunos aprendam os conteúdos sem sofrer defasagem no ensino. Para isso, são considerados pontos fundamentais como a avaliação contínua e a recuperação constante por meio de aulas de reforço durante o ano letivo. </div><div style="text-align: justify;">“A questão da avaliação é mais importante que os ciclos, sejam eles quais forem. Diagnosticar e permitir um modelo de recuperação contínua dos conteúdos que o aluno não adquiriu no decorrer do ano é a maneira correta de garantir a formação, mas um desafio imenso em uma rede tão grande quanto a do Estado de São Paulo”, diz o secretário adjunto de Educação, João Cardoso Palma Filho. </div><div style="text-align: justify;">No modelo apresentado pela SEE, seria realizada a reorganização dos ciclos de progressão continuada do Ensino Fundamental em três, sendo o primeiro com duração de três anos (para alunos com 6, 7 e 8 anos de idade); o segundo com duração de dois anos (9 e 10 anos de idade) e o terceiro com quatro anos de duração (11 aos 14 anos de idade). </div><div style="text-align: justify;">Com a reorganização, ao final de cada bimestre será realizada uma avaliação do aprendizado conduzida pela própria escola, com orientação da equipe de Supervisão da Diretoria de Ensino. Aos alunos com defasagem no aprendizado, serão obrigatoriamente oferecidos estudos de recuperação, a serem estruturados de acordo com as condições de cada escola. </div><div style="text-align: justify;">A recuperação pode ocorrer no contraturno escolar nas unidades de ensino em que houver salas disponíveis. Nas escolas sem disponibilidade de espaço, elas podem ocorrer em períodos previamente agendados: uma das propostas prevê, para estes casos, uma pausa no ciclo regular de aulas (que pode ser de uma semana) para que os alunos com dificuldade de aprendizado realizem as aulas de recuperação dos conteúdos. Neste caso, aos alunos que tiverem desempenho adequado serão oferecidas oportunidades de diversificação curricular. </div><div style="text-align: justify;">"Alguns dos pontos críticos no processo de recuperação do aprendizado dos alunos em defasagem é exatamente a falta de espaços físicos, assim como a mobilidade de corpo docente, que devem ser solucionados com a implantação do modelo sugerido", acredita. </div><div style="text-align: justify;"><b>Reforço escolar </b></div><div style="text-align: justify;">Outra ideia em discussão é a criação de escolas-pólos para atividades de reforço escolar, que receberiam alunos de escolas vizinhas. Nesse caso, seria oferecido também o transporte escolar. “São todas ideias que queremos discutir, democraticamente, em reuniões em todo o estado, até encontrarmos o melhor modelo para aperfeiçoar a progressão continuada”, diz o secretário da educação. “A proposta pedagógica de cada escola poderá criar outros mecanismos para oferta de estudos de recuperação. O importante é que eles aconteçam”, completa Herman Voorwald. </div><div style="text-align: justify;">Ao final de cada ciclo de aprendizagem, os alunos que ainda apresentarem defasagens de conteúdos serão encaminhados para o reforço intensivo de aprendizagem, em salas especiais que contarão com professores especialmente qualificados e materiais didáticos específicos. Outra proposta é a criação da figura do “professor de apoio”, que transite entre diversas classes para melhorar o aproveitamento dos alunos. </div><div style="text-align: justify;">A escola poderá entender, ao final dos esforços de recuperação, que o estudante com defasagem pode ser matriculado no ciclo seguinte, desde que no contraturno, para que curse obrigatoriamente os conteúdos para os quais foi considerado em defasagem. Não havendo essa possibilidade, o aluno será considerado retido. Outra proposta da Secretaria é que, sempre que possível, o mesmo professor acompanhe a turma ao longo de todo o ciclo. </div><div style="text-align: justify;"><b>Participação dos professores </b></div><div style="text-align: justify;">Representante dos professores no encontro, Claudia Cristina Mario dos Santos, da Escola Estadual Vila Ercilia Algarve, da região de Itaquaquecetuba, acredita que o modelo altera o formato atual, mais próximo a um modelo de aprovação automática, para dar forma a um programa que gere de fato a progressão continuada. </div><div style="text-align: justify;">"Acreditamos que os alunos podem aprender em ciclos contínuos e não queremos aprovar automaticamente um aluno que não aprendeu. Permitir que ele desenvolva conhecimentos, mesmo que em ciclos progressivos, também é objetivo dos professores comprometidos com o ensino público paulista". </div><div style="text-align: justify;">Durante a reunião, Claudia apresentou um documento formulado a partir de sugestões de educadores das Diretorias de Ensino da Região Metropolitana. Nele, os professores opinaram sobre quais programas e projetos têm dado mais certo na rede, quais precisam ser melhorados e sugeriram mudanças. A expansão de programas como o Ler e Escrever e São Paulo Faz Escola, além do Cultura é Currículo, Escola da Família e Acessa Escola, todos bastante elogiados, ganhou destaque. Além disso, propostas de revisão salarial, plano de carreira e valorização foram discutidos. O documento será encaminhado para a Secretaria de Educação e debatido também com a participação da rede.<br />
<div style="text-align: right;">(fonte: SEE-SP, http://www.educacao.sp.gov.br/, visitado em 22/02/2011) </div></div>************************************************** <br />
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<div style="text-align: justify;">Pois bem, vamos aos fatos: porque a progressão continuada paulista, vulgarmente conhecida como "aprovação automática", fracassou tão vergonhosamente? Resposta simples: porque nunca existiu fora do papel!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Aprovar ou reprovar alunos não contribui para a aprendizagem, sejam essas aprovações ou reprovações automáticas ou continuadas. O que torna a aprendizagem eficaz são os <b>métodos </b>empregados para tal.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Antes da "aprovação automática" nós tínhamos a "reprovação continuada" e isso era também péssimo. Então trocamos o péssimo pelo horrível, e acabamos ficando na mesma sem ter nunca nos preocupado em resolver o verdadeiro problema: o <b>método</b>!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas, afinal de contas, que <b>método</b> é esse que parece ser algum tipo de conhecimento sagrado e por todos desconhecido? Seria coisa de primeiro mundo? Algo sobrenatural? Não, nada disso. A maioria dos educadores que não compraram seus diplomas em faculdades vagabundas de final de semana e nem escolheram se encostar em uma cargo meia-boca em alguma DE ou nos porões da Secretaria, qualquer educador de verdade sabe que método é esse e como implementá-lo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Vamos rever alguns pontos:</div><ol><li style="text-align: justify;"><b>A aprendizagem é sempre individual, mas o ensino é coletivo</b>. Para uma boa aprendizagem é necessário que o ensino se aproxime tanto quanto possível da relação um-para-um entre professor e aluno. O que isso significa? Significa classes pequenas! E porque elas não existem? Porque isso demanda mais professores, aumento na folha de pagamento e no tamanho da estrutura educacional do Estado. O Estado deseja isso? Não! O Estado deseja construir estradas e pedágios, pontes e viadutos, etc. e etc., menos investir na Educação. Educação tem sido vista pelos tucanos (e outros bichos) como gasto e não como investimento. Nossos políticos talvez não estejam preparados para enxergarem a Educação como o maior patrimônio que podem deixar como legado.</li>
<li style="text-align: justify;"><b>Para o aluno aprender ele precisa estar motivado. O elemento motivador mais próximo do aluno é o professor.</b> Então porque ele não motiva esse aluno? Oras, porque ele mesmo está desmotivado! Após décadas de depreciação (menores salários, piores condições de trabalho, culpabilização pelo fracasso do sistema educacional, escassez de recursos físicos e mesmo intelectuais) esse profissional acabou "deixando de ser profissional". Embora ainda restem professores dispostos a ensinar e a despertar no aluno o interesse pela aprendizagem, esses constituem uma minoria dentre a chamada "categoria". O processo de "profissionalização do professor", que hoje encara a escola como um "bico desgraçado de ruim", começa por sua motivação (recuperação de salários, melhores condições de trabalho, formações continuadas efetivas - e não apenas enganações via videoconferências - plano de carreira e uma campanha de revalorização de sua imagem). E porque isso não é feito? Porque o Estado não vê a necessidade de um "profissional de alta qualidade" dentro da sala de aula; o Estado vê o professor como uma espécie de "operário desqualificado" exercendo uma função puramente mecânica e dispensável (e o trata como tal quando não está nos palanques). Se aluno pagasse pedágio para entrar na aula de um bom professor, certamente o Estado se preocuparia mais em ter bons professores. Revalorizar o professor requer investimentos pesados e contínuos mas, acima de tudo, requer que os políticos tenham inteligência (visão de futuro, postura de estadista, ética e honestidade de propósitos). Talvez estejamos desde sempre politicamente descapitalizados...</li>
<li style="text-align: justify;"><b>O aluno constrói seu conhecimento por etapas</b>. E é aí que a "aprovação automática" fracassou. Enquanto o discurso da progressão continuada tem como meta essa aprendizagem por etapas contínuas, e se horroriza com truncagens e reversões para etapas anteriores (estou falando das reprovações), a "aprovação automática" ignora essas etapas de aprendizagem e transforma alunos em "pererecas saltitantes", que vão de analfabetos na primeira série para diplomados analfabetos no terceiro colegial, pulando e queimando todas as etapas de aprendizagem pelo tortuoso caminho de 12 anos saltitando sem parar. O ensino seriado foi pensado como uma estrutura em etapas anuais. Nas universidades essas etapas são por vezes semestrais. Seja lá qual for o período de uma etapa, não conseguir ultrapassá-la deve sim ser um impedimento para o prosseguimento na próxima etapa. Mas a quem cabe estabelecer essas etapas? Teoricamente deveríamos ser capazes de avaliar isso na escola e não na ponta da caneta de algum burocrata (por mais titulado que seja). As etapas anuais do ensino seriado moldaram toda a dinâmica do ensino brasileiro desde sempre (vieram da europa com os jesuítas!). Mudá-las para ciclos maiores é um acochambramento para melhorar as estatísticas de fluxo escolar, não é uma atitude pedagogicamente sustentável (como não são sustentáveis pedagogicamente os ciclos anuais). Mais correto seria encurtá-las para períodos bimestrais (mensais, semanais, diários...); mas isso demanda a modiciação de toda a estrutura educacional e, portanto, não ocorrerá.</li>
<li style="text-align: justify;"><b>Q</b><b>uanto menor a etapa de aprendizagem avaliada, mais fácil é ajudar o aluno a vencê-la</b>! Recuperações bimestrais, como proposto agora pela Secretaria, seriam muito bem vindas se significassem que o aluno de fato terá novas oportunidades de aprendizagem, e não que apenas terá que passar por um processo fictício onde, ao fim e ao cabo, será promovido à próxima etapa, seja lá qual for o resultado obtido. Na verdade essas recuperações deveriam ser diárias. Porque não existem então? Porque "não há tempo nem condições" de executá-las dentro do modelo de aulas que temos nas escolas. Divaga na emulsão de óleo e gemas ("viaja na maionese") aquele que sonha que um professor com duas aulas semanais no Ensino Médio, lecionando para 40 alunos totalmente defasados e dispondo de giz e lousa poderá, por absoluta mágica, acompanhar individualmente seus alunos, avaliá-los a cada aula e promover atividades de recuperação, tantas quantas necessárias, de forma eficaz. Isso nunca vai existir enquanto o sistema educacional não mudar estruturalmente.</li>
<li style="text-align: justify;"><b>A escola é parte da vida e não uma etapa descolada dela</b>. Por fim, embora queiramos oferecer um ensino de qualidade para todos, isso não significa que conseguiremos que todos aprendam com a mesma "qualidade, quantidade e homogeneidade"; e, saber disso e trabalhar focado nisso pode fazer toda a diferença! As pessoas não são iguais, não têm vidas e histórias iguais, não vivem nas mesmas condições sócio-econômicas e culturais, não tem os mesmos sonhos e perspectivas. É absurdo uma escola que "queira tornar todos iguais", embora seja ainda mais absurdo não termos uma escola que seja "igual para todos", como a escola atual. Daí a necessidade de currículos diferenciados; de autonomia da própria unidade escolar na gestão do seu currículo; de ofertas distintas de formação; de programas de apoio que ofereçam diferenciações para alunos com diferentes perspectivas, etc. Mas, de novo, esbarramos no apertado túnel mental dos políticos e na sua falta de "capacidade de gestão e visão". Tudo isso é muito difícil para mentes pequenas e almas menores ainda.</li>
</ol>Eu prezo muito a iniciativa do Sr. Secretário, e mais uma vez parabenizo-o por tal, mas sinceramente não creio que ele, mesmo sabendo as respostas corretas, possa tomar as decisões necessárias para iniciar uma "revolução" na escola paulista. Infelizmente, quando a poeira baixar, creio que cada pedra estará ainda em seu lugar e, ao fim e ao cabo, "All in all it's just another brick in the wall".<br />
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<center><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="390" src="http://www.youtube.com/embed/3l1-QbsU5gA" title="YouTube video player" width="480"></iframe></center><br />
E você? O que pensa disso?<br />
Se quiser, use o espaço dos "Comentários" e deixe sua opinião.Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-12535607198612041092011-02-15T02:05:00.000-02:002011-02-15T02:05:49.459-02:00Escola Pública - Território de conflitos - parte 1<div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Conflitos inerentes à usurpação da autonomia</span><br />
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<a href="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TVMZw0X02tI/AAAAAAAAAyQ/WmCUSeghDWk/s1600/familia_dinossauro.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="155" src="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TVMZw0X02tI/AAAAAAAAAyQ/WmCUSeghDWk/s200/familia_dinossauro.jpg" width="200" /></a>Ano novo, vida nova. Só a escola continua a mesma. O tempo na escola é contado em "eras geológicas", e ainda estamos no paleozóico (época dos grandes dinossauros). A escola é um grande dinossauro que não evoluiu, mas talvez tenha retrogredido, e caminha agonizante rumo à extinção, salvo ocorra alguma grande mutação, talvez política, talvez social, que lhe dê novas habilidades e competências que lhe permitam sobreviver nesse novo ecossistema econômico e social da contemporaneidade.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na rede pública paulista retomamos os trabalhos "letivos" nessa última quarta-feira, 08/02. Como em todos os últimos anos de que me lembro, os dois primeiros dias letivos são destinados a um pseudo-planejamento. Na teoria, e no calendário oficial, foram dois dias para planejar o ano letivo, discutir os projetos que serão desenvolvidos na escola e traçar as metas de ensino, as estratégias didático-pedagógicas e um plano de trabalho coletivo e integrado que atenda aos pressupostos do projeto político-pedagógico da escola. Em teoria também seria a época dos professores estabelecerem os seus planejamentos anuais, os projetos pedagógicos de suas disciplinas, os projetos interdisciplinares de cada área e os projetos transdisciplinares.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em tese deveríamos ter abordado diversos temas relevantes e de interesse para a melhoria da qualidade do ensino na escola. Mas apenas em tese. Da mesma forma como, em tese, a escola teria autonomia para traçar suas próprias metas e definir as estratégias pelas quais pretende atingi-las. O que mais impressiona na escola pública é a forma como as teorias, teses e "discursos" ocupam o espaço real da ação e desvirtuam a escola, tornando-a uma espécie de "academia às avessas", onde produz-se papel inútil e "encomendado" em detrimento de um trabalho efetivo e focado verdadeiramente na escola e suas reais necessidades.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-wAjgOoGdq-o/TVMhbhYXVWI/AAAAAAAAAyU/XKlNQ4lYqSo/s1600/m%25C3%25A3os+atadas.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-wAjgOoGdq-o/TVMhbhYXVWI/AAAAAAAAAyU/XKlNQ4lYqSo/s200/m%25C3%25A3os+atadas.jpg" width="132" /></a></div><div style="text-align: justify;">Na pratica o discurso da gestão (entenda-se direção/coordenação lendo as determinações recebidas da Diretoria de Ensino) é sempre o mesmo discurso do "nos mandaram dizer que vocês tem que fazer...", e ponto final. Para um ET que apareça desavisado a uma dessas reuniões de planejamento de início de ano parecerá que a escola é um organismo estúpido, incapaz de auto-gestão, incompetente para ter autonomia quanto as suas próprias práticas e objetivos. Mas, pensando bem, não é preciso ser um ET para ter essa percepção, e ainda existe a possibilidade de que a escola seja mesmo tão estúpida e incapaz quanto lhe imaginam aqueles que a abandoram para ocupar cargos "mais elevados", onde a vida se resume a produzir e reproduzir papéis inúteis.</div><br />
<div style="text-align: justify;">Os conflitos que caracterizam a escola pública, e sobre os quais pretendo dar ênfase ao longo dos relatos desse ano letivo que se inicia, já começam no antagonismo entre o que diz a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e a forma como chegam aos gestores e docentes as determinações impostas pelas Diretorias de Ensino, vindas, ao fim e ao cabo, da própria Secretaria da Educação. É incerto o papel dos técnicos, dirigentes, supervisores e PCOPs (Professores Coordenadores das Oficinas Pedagógicas - que teoricamente seriam encarregados do suporte pedagógico aos Professores Coordenados das unidades escolares, os PCs), visto que nenhum deles assume nenhuma responsabilidade pelas "instruções que repassam". O certo é que nessa Torre de Babel, ou de papel, ninguém parece saber porque está fazendo aquilo que faz.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A LDB, no item III do seu artigo 3º, estabele o "pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas"; no artigo 12º, item I, diz que cabe à escola "elaborar e executar sua proposta pedagógica" e, ainda; no artigo 13º, item I, afirma caber ao professor "participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino" (some-se a isso ainda o artigo 14º, item I, e o artigo 15º). Assim, a LDB deixa claro a autonomia e a responsabilidade da escola (gestão e corpo docente, com a participação da comunidade de pais e alunos) quanto ao seu papel na auto-gestão pedagógica e administrativa de cada unidade escolar.</div><div style="text-align: justify;"><br />
Nada dessa autonomia se vê na escola. O Governo do Estado de São Paulo imagina que "inventou um currículo que antes não existia" (céus, durante décadas as escolas funcionaram sem um currículo???!!!) e que, com isso, "seus problemas se acabaram-se". As DEs, por meio de seu pessoal técnico-pedagógico, imaginam que "aplicar o currículo" seja utilizar os Cadernos do Aluno (e do Professor) fornecidos pela SEE, como se elas fossem "apostilas de cursinho". Os coordenadores pedagógicos das escolas entendem que sua função seja a de servir apenas como "garotos de leva e traz" das DEs e, por último, os professores se vêem como sabotadores profissionais cuja função é provar que tudo isso vai dar errado e, portanto, colaborar, tanto quanto possível, para que tudo dê errado mesmo.<br />
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</div><div style="text-align: justify;">Como pode uma máquina podre como essa ter sobrevivido à extinção? Resposta simples: todos aprenderam a achar que "isso tudo é normal". A escola perdeu a capacidade de indignar-se diante da incompetência de seus gestores, nos diversos níveis de gestão, e aceitou que é mera executora de políticas destinadas ao fracasso. A sociedade foi bombardeada com mentiras que dizem que os alunos não aprendem porque seus professores são ruins e que "isso é normal"! A imprensa e os pretensos formadores de opinião entendem que alunos saindo da escola com desempenho entre 2 e 3 em uma escala que vai até 10 "é algo normal"!<br />
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</div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-XIjA0fTtGjM/TVniI4xNRjI/AAAAAAAAAyw/TWu7oGUXSOk/s1600/burro.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-XIjA0fTtGjM/TVniI4xNRjI/AAAAAAAAAyw/TWu7oGUXSOk/s200/burro.jpg" width="122" /></a></div>Quando a última LDB foi redigida, em 1996, ninguém mais parecia crer que aquilo não se destinaria a ser "apenas papel". Talvez por isso governos estaduais a ignorem e prefiram procurar soluções mágicas para problemas reais. O que ninguém parece ter percebido (sim, eu acredito na estupidez humana!) é que soluções mágicas só se aplicam em universos hipotéticos (como o universo onde vivem alguns dos nossos mais ilustres catedráticos da educação, que há décadas não sabem a diferença entre uma escola e uma padaria - porque só frequentam a padaria). Essa falta de percepção da necessidade de autonomia (burrice mesmo) é o primeiro grande fator gerador de conflitos dentro da escola, porque é daí que nasce e se alimenta a sensação de que a responsabilidade é sempre do outro. Estamos assistindo isso há duas décadas e os resultados que nos envergonham hoje eram previsíveis há 20 anos atrás.<br />
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Perdemos, mais uma vez, os dois dias iniciais de planejamento em discussões fúteis e no preenchimento de "papéis para a DE". Vivenciamos os primeiros e principais conflitos do ano e a maioria de nós já não quer ser capaz de tirar nenhuma conclusão disso tudo. A máquina moribunda agoniza mas não morre, e possui uma inércia infinita. Os discursos tendem ao vazio ou à disputas inócuas. Professores agem como crianças pirracentas quebrando vidraças alheias. Gestores agem como garotos de recado acéfalos e amorais. Burocratas do sistema imaginam-se ainda como generais da ditadura, enquanto vivem suas vidas estúpidas de carrascos de segunda categoria. De quem é a responsabilidade?<br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="390" src="http://www.youtube.com/embed/PyNaccVA_M0" title="YouTube video player" width="480"></iframe><br />
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No próximo capítulo, "<b>Escola Pública - Território de conflitos - parte 2: Alunos, onde estarão?</b>", farei um contraponto entre os planos fantásticos de governos desgovernados e a realidade da sala de aula (lugar desconhecido pelos formuladores de políticas públicas e educacionais).</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-91587052153622823782011-02-08T20:30:00.000-02:002011-02-10T01:31:20.359-02:00De volta às aulas<div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-QdZOTOexGao/TVNZ_qmF6HI/AAAAAAAAAys/Gjxep4RMK3w/s1600/alegria.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="149" src="http://2.bp.blogspot.com/-QdZOTOexGao/TVNZ_qmF6HI/AAAAAAAAAys/Gjxep4RMK3w/s200/alegria.jpg" width="200" /></a></div>Depois de meio ano de abandono desse blog, decorrente da conjunção nefasta do excesso de trabalho com a falta de vontade (peguei nojo desse blog!), eis que o filho não tão pródigo retorna para escrivinhar um pouco mais sobre a saga do cotiadiano de uma escola pública que vai sobrevivendo aos tempos e aos mares.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não prometo que terei tempo ou vontade de tornar esse blog movimentado, e também não preciso prometer porque meus leitores são poucos e já não acreditam mesmo em promessas de homens com mais de trinta. Mas, tentarei registrar aqui um pouco da loucura que é viver a realidade da escola pública (no caso, uma escola pública paulista), por mais um ano.</div><div style="text-align: justify;"><br />
No ano anterior tentei focar os artigos desse blog no cotidiano da escola de uma forma geral, mas como isso abrange muita coisa, neste ano pretendo focar nichos específicos de temas recorrentes e relativamente relevantes: a começar pelos inevitáveis conflitos internos e externos que vivemos nas escolas e que são parte de um cotidiano que tem que ser adminstrado, apesar de todo o estresse gerado dentro de um sistema apodrecido e condenado à falência múltipla, mas que reluta em sobreviver apesar de todos os governos e de todos os sabotadores públicos sustentados pela máquina educacional.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-mdvCNyPnPL4/TVNZmeWEoYI/AAAAAAAAAyo/trMENY60iUA/s1600/Dom-Quixote.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-mdvCNyPnPL4/TVNZmeWEoYI/AAAAAAAAAyo/trMENY60iUA/s200/Dom-Quixote.jpg" width="153" /></a></div>Começo o ano, portanto, com uma série (sei lá de quantos artigos) intitulada "Escola Pública - Território de conflitos". Obviamente minhas crônicas serão passionais, pois estou inserido nesse cotidiano e faço parte do exército de Dom Quixotes que ainda enfrenta moinhos de vento para encontrar sua doce Dulcinéia (se você é novo na vida e não sabe do que estou falando, vá ler <a href="http://books.google.com.br/books?id=mr4GAAAAQAAJ"><i>O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha</i></a>, de Miguel de Cervantes), mas, apesar da paixão própria e avassaladora que me move por esse terreno lamacento, tentarei também apresentar algumas análises minimamente coerentes dos fatos que serão narrados.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Espero que você goste e, quem sabe, daqui há alguns séculos, os arqueólogos digitais que escavarem esse blog não encontrem um bom material para que os sociólogos babacas de então, assim como os de hoje, possam se masturbar mentalmente.<br />
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</div><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="390" src="http://www.youtube.com/embed/cscJWb0-8ys" title="YouTube video player" width="640"></iframe><br />
<div style="text-align: justify;"></div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-44747763868703520862010-07-20T01:57:00.000-03:002010-07-20T01:57:00.325-03:00Medíocres, mas bem colocados<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TEUp5qVoIMI/AAAAAAAAAww/1XZ6NEqPrgc/s1600/enem.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="155" src="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TEUp5qVoIMI/AAAAAAAAAww/1XZ6NEqPrgc/s200/enem.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">O MEC divulgou nessa útima segunda-feira, 19/07, a lista das notas médias do ENEM por escola de todo o país. A mídia já correu buscar os nomes das melhores e piores escolas e analistas diversos vão dando suas opiniões. Então eu também vou dar a minha, mas não apenas sobre o <i>ranking </i>em geral, e sim sobre a posição da nossa escola nesse <i>ranking</i> e do próprio <i>ranking </i>em relação às expectativas que temos e que deveríamos ter sobre a educação que oferecemos nas nossas escolas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O título desse artigo esclarece bem minha opinião: somos medíocres, mas bem colocados. E por mais absurdo que pareça, é verdade.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O gráfico abaixo mostra a situação da nossa escola (Neuza) comparativamente às demais escolas estaduais:</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TEUi2-dp3HI/AAAAAAAAAwo/Rrbe7RZ7flI/s1600/ENEM2010.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="220" src="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TEUi2-dp3HI/AAAAAAAAAwo/Rrbe7RZ7flI/s400/ENEM2010.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: justify;">Como se pode ver por esse gráfico, nossa escola teve nota 5,6 em uma escala de 0 a 10, mas a melhor escola estadual do Brasil teve nota de apenas 7,2; a melhor do estado teve 6,8 e a melhor da nossa cidade teve 5,8.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Também podemos fazer outras comparações com as demais escolas estaduais:</div><ul style="text-align: justify;"><li>estamos entre os 8,3% melhores classificados no país;</li>
<li>entre os 9,8% melhores classificados do estado e;</li>
<li>somos a 4ª melhor colocada da cidade.</li>
</ul><div style="text-align: justify;">Nossa diferença percentual para a melhor colocada do país é de apenas 16,1%, em relação à melhor colocada do estado a diferença cai para 11,8% e em relação à melhor colocada da cidade a diferença é de apenas 2,2%.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Olhando com esses olhos poderíamos dizer que estamos realmente bem colocados, mas sejamos sinceros, somo apenas medíocres! E não estou falando apenas de nossa escola, é claro, mas sim de todas as escolas públicas e privadas do país.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Vale também lembrar que as escolas particulares, embora em média estejam melhor classificadas do que as escolas estaduais, ainda assim têm um desempenho também bastante medíocre. A melhor escola particular do país tem um desempenho apenas 2,7% superior à melhor escola estadual e, na outra ponta, a pior escola particular do país tem um desempenho apenas 20% superior ao da pior escola estadual (que, à propósito, é uma escola indígena do Amazonas e tem uma nota altamente discrepante da penúltima classificada - em relação à penúltima classificada a diferença percentual cai para 8% apenas).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Resumindo, temos uma escola ruim em todos os níveis, em todos os estados e indiferentemente da escola ser pública ou privada.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ser medíocre e estar bem colocado não deveria nos dar nenhuma alegria. Alegres seríamos se tívémos uma nota, pelo menos, superior a 8,0. Então poderíamos, com alegria e méritos, comemorar algo. E não seria uma comemoração por estarmos aqui ou alí em um <i>ranking </i>comparativo, mas sim uma comemoração por estarmos situados em um patamar onde se poderia dizer que nossa escola, de fato, ensina alguma coisa.</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-41502594800445295192010-07-18T14:21:00.002-03:002010-07-18T14:35:55.454-03:00Analisando o primeiro semestre de 2010<div style="text-align: justify;">Início do recesso e hora de limpar gavetas, arrumar a bagunça e replanejar o segundo semestre. Hora também de analisar o primeiro semestre com olhos para o replanejamento das ações para o restante do ano.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Esse ano foi, até agora, bem complicado. Iniciamos o ano mais tarde porque a SEE-SP não tem demonstrado muita competência em cumprir seus compromissos. Enfrentamos uma greve muito mal esclarecida movida por um sindicato que já não nos representa como categoria há um bom tempo. Tivemos festas locais e Copa do Mundo. Enfim, parece que foi outro semestre "normal".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Estamos sem nossa Sala de Informática desde o final do ano passado por absoluta incompetência da FDE e descaso generalizado da nossa DE local (Americana) e da SEE-SP. Uma reforma de uma semana já está durando mais de 30 semanas! Depois ainda tem gente que tem a cara de pau de falar em meritocracia, competência e compromisso com a educação.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Com relação ao rendimento dos alunos ao longo dos dois primeiros bimestres, verifiquei que houve melhoras e isso indica que as medidas tomadas entre o primeiro e o segundo bimestre surtiram alguns efeitos positivos. Evidentemente ainda estamos muito longe da situação que poderíamos considerar "aceitável", mas continuamos na luta. Os gráficos abaixo mostram as principais estatísticas das classes comparadas nos dois primeiros bimestres de 2010 (clique nas imagens para vê-las ampliadas).</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TEMzCglwUjI/AAAAAAAAAwA/msUH0Jplov4/s1600/comp1E1sem.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="146" src="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TEMzCglwUjI/AAAAAAAAAwA/msUH0Jplov4/s400/comp1E1sem.JPG" width="400" /></a><a href="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TEMzPIKc_iI/AAAAAAAAAwI/7MMIcfFjFcU/s1600/comp3A1sem.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TEMzPIKc_iI/AAAAAAAAAwI/7MMIcfFjFcU/s400/comp3A1sem.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TEMzYmWst9I/AAAAAAAAAwQ/Be7DkQIqd30/s1600/comp3B1sem.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TEMzYmWst9I/AAAAAAAAAwQ/Be7DkQIqd30/s400/comp3B1sem.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TEMzfhyCqhI/AAAAAAAAAwY/OlNTCBa8HtQ/s1600/comp3C1sem.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TEMzfhyCqhI/AAAAAAAAAwY/OlNTCBa8HtQ/s400/comp3C1sem.JPG" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TEMzmcRM8MI/AAAAAAAAAwg/7EGZhiFGs2U/s1600/comp3D1sem.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="148" src="http://3.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TEMzmcRM8MI/AAAAAAAAAwg/7EGZhiFGs2U/s400/comp3D1sem.JPG" width="400" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;">Uma análise mais detalhada pode ser obtida na <a href="http://profjc.net/joomla15/Biblioteca-Digital/Start-download/9-Documentos-do-Prof.-JC/135-Analise-comparativa-dos-dois-primeiros-bimestres.html">Biblioteca Digital</a> do meu site, bem como as ações implementadas entre o primeiro e o segundo bimestres e as que implementarei no segundo semestre. Infelizmente não sei se poderei contar com a Sala de Informática no segundo semestre (ou algum dia qualquer), mas temos que nos replanejar e tomar decisões nesse contexto de incertezas todo ano, então isso não é novidade.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Uma novidade mesmo tem sido o "interesse forçado" da DE em acompanhar as ações da escola em vista dos resultados do Idesp. Ainda que as ações sejam muito mais burocráticas e tomadas no sentido de se criar uma espécie de "blindagem da DE" (que nunca gostou de se envolver com a escola diretamente - acho que são alérgicos à escolas) começamos a ver que já nasce, ainda insipiente e forçado, um movimento de aproximação com a realidade das escolas. Muito bom! Nada como uma aguinha batendo nas parts baixas, não?<br />
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À propósito de novidades, se você for meu aluno experimente assinar o boletim de notícias "Cantinho News" (disponível na <a href="http://www.profjc.net/">página de entrada do site</a>) e passe a receber semanalmente dicas legais e comentários sobre as questões do ENEM.Nesta semana: dicas de sites para teens e uma questão sobre energia, rendimento e resistência elétrica.</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-49043975714713481842010-07-04T06:16:00.000-03:002010-07-04T06:16:47.920-03:00O aluno-bomba EXPLODIU!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TDBQqJ5btGI/AAAAAAAAAvo/TitrlIApLMc/s1600/bomba-atomica.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TDBQqJ5btGI/AAAAAAAAAvo/TitrlIApLMc/s200/bomba-atomica.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Todo ano (ou quase) tem algum imbecil para estourar bombas na escola no mês de junho. O banheiro é sempre o local preferido. Talvez pela acústica favorável, talvez pelo acesso fácil ou talvez porque é lá, na privada, que devem estar as idéias desses alunos-bomba. Esse ano não foi diferente... ou melhor, foi sim!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Eu estava começando minha aula no terceiro colegial noturno, em plena quinta-feira, quando fomos todos sacudidos por um enorme estrondo. Seguiu-se, após o susto, a algazarra costumeira. Na verdade nem dei bola, pois a bomba estourou em algum lugar distante da minha sala e historicamente quando se ouve o barulho é porque o engraçadinho-bomba já deve estar bem longe. Ou, deveria estar bem longe...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Dessa vez o infeliz fez uma aposta perigosa demais para o contexto em que minha escola se encontra: ele acreditou que poderia fazer isso diante de vários outros alunos e que todos o acobertariam. Ledo engano! Pouco à pouco estamos conseguindo criar um "sentimento de pertencimento" entre nossos alunos e, apesar de todos os clamores da adolescência, alguns já se sentem donos da escola, exatamente como gostaríamos que todos se sentissem.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Assim, diante de um ato estúpido e perigoso, alguns alunos fizeram a coisa mais inteligente a fazer: apontaram o idiota para a direção e depois de um teatrinho infantil de rotina, com direito à presença dos pais para atestarem o quão bonzinho era o pequenino, eis que ele acabou admitindo o ato. Agora temos um imbecil a menos na escola e já podemos ir ao banheiro mais seguros.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É... As coisas mudam devagar, mas mudam sempre.</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-77583900698546009192010-06-12T03:05:00.000-03:002010-06-12T03:05:03.192-03:00Festa do Peão, Copa do Mundo e Escola<div style="text-align: justify;"><a href="http://www.festadopeaodeamericana.com.br/images/galerias/grd_galeria_136b46f116e075000a1602350a865ef9.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="132" src="http://www.festadopeaodeamericana.com.br/images/galerias/grd_galeria_136b46f116e075000a1602350a865ef9.jpeg" width="200" /></a>A 25ª Festa do Peão de Boiadeiro de Americana se encerra agora em 13/06. A Copa do Mundo começou em 10/06. Motivos para cabular aulas para quem já cabula aulas mesmo sem motivo, agora não faltarão. :)</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TBMbJ1HxOgI/AAAAAAAAAvg/RQ4IT6Cdk_c/s1600/copa2010.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TBMbJ1HxOgI/AAAAAAAAAvg/RQ4IT6Cdk_c/s200/copa2010.jpg" width="174" /></a></div><div style="text-align: justify;">É claro que faltar às aulas por uma boa razão é compreensível e o sistema educacional público é bem tolerante com relação às falatas. Um aluno tem o direito de faltar dois meses inteiros da escola sem que isso comprometa sua aprovação com relação à frequência. Mas é claro que faltar dois meses da escola compromete imensamente a aprendizagem.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Agora que estamos no meio do segundo bimestre já vemos que alguns alunos já quase faltaram os dois meses inteiros que podem faltar ao longo do ano e, nesses casos, já sabemos que teremos muitos problemas pela frente.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Os casos mais interessantes são daqueles alunos que vêem à escola e então combinam, ainda no portão, ou já dentro da escola, para irem embora ao invés de assistir às aulas. A tese defendida por eles é sempre a mesma: "Não dá nada não, e se der é pouca coisa".</div><br />
<div style="text-align: justify;">Desde o dia 02/06, quando começou a festa do Peão de Boiadeiro de Americana, já tivemos pelo menos três dias em que muitas classes estiveram completamente vazias no período da noite. Não, não foi por falta de professores, que ficaram na escola cumprindo os seus horários até às 23:00, mas porque os alunos decidiram por conta própria que não assistiriam aulas nesses dias. Também não foram à festa. Simplesmente voltaram para casa ou ficaram pelas ruas batendo papo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É evidente que há algo muito errado nisso tudo. Porque eles dão tão pouca importância à sua própria formação que, mesmo que ocorresse com a frequência plena deles, ainda assim seria bastante precária? </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na última reunião de HTPC recebemos um "questionário" vindo da DE onde deveríamos propor, entre outras coisas, três medidas de curto prazo (para esse ano ainda), três de médio prazo (para o ano que vem) e mais três de longo prazo (para os próximos anos), visando melhorar o "fluxo" de alunos nas séries do Ensino Médio. É mais ou menos como se a DE nos pedisse para encontrar soluções para problemas que só vem se agravando nas últimas duas décadas, apesar de todo o discurso do governo sobre a boa qualidade da educação paulista e, apesar de tantos "especialistas da SEE" não terem conseguido chegar a nenhuma proposta de solução viável para o problema. Parece que agora esperam que a escola resolva os problemas que eles criaram no conforto de suas poltronas enquanto nós, professores, comíamos pó de giz, e o pão que o Serra amassou, nas salas de aula entupidas de alunos semi-analfabetos e gritávamos aos quatro ventos que a escola estava sendo abandonado e sucateada em todos os sentidos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas como melhorar o fluxo dos alunos nas séries do Ensino Médio se eles não dão a menor importância para a escola e se o próprio sistema já criou e solidificou uma cultura em que a escola não tem mesmo nenhuma importância? Como convencer esse aluno a vir à escola e estudar se ele já sabe que vindo ou não vindo, estudando ou não estudando, o sistema vai querer empurrá-lo para fora, da mesma forma, para "melhorar o fluxo"? Porque esse aluno deveria se importar com a educação oferecida a ele por uma escola que não liga a mínima para ele e tenta agora, desesperadamente, criar soluções mágicas e indecentes para falsear ainda mais as estatísticas sobre a aprendizagem e a qualidade do ensino?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Bom, depois da Copa do Mundo vêm as férias (que os alunos decretarão no final de junho, apesar de oficialmente só começarem no meio de julho) e os alunos só aparecerão mesmo na escola em agosto. Daí teremos mais alguns feriados, eleições e sabe-se lá o que mais. Quem sabe em 2011 haverá alguma escola...</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-52068803837398895802010-05-30T07:09:00.001-03:002010-05-30T23:05:26.886-03:00O Idesp, o bônus e o ônus de um índice muito suspeito<div style="text-align: justify;">Muito se tem falado sobre o programa de Qualidade da Escola implantado pelo governo paulista. O próprio governo alardeia aos quatro ventos que com esse programa pretende atingir metas internacionais de qualidade na educação e que, graças a esse programa, professores, gestores e funcionários das escolas têm sido beneficiados com generosos bônus pagos anualmente.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É fato que a intenção pode ter sido mesmo a de melhorar a qualidade da educação paulista, mas também é fato que não se melhora a qualidade da educação simplesmente distribuindo dinheiro e o próprio governo usa esse argumento quando se nega a aumentar salários. Em tese o bônus pago pelo governo de São Paulo estaria atrelado aos esforços da escola para melhorar seus índices de ensino mas, apenas em tese, como veremos a seguir. Aquilo que o governo paulista tem chamado tão ironicamente de "bônus por mérito", na verdade pode não possuir mérito algum.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A qualidade educacional de uma escola passou a ser avaliada conforme um índice denominado Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo). Esse índice mede um misto entre o resultado que a escola obteve no exame do SARESP nas séries terminais de cada ciclo e o "indicador de fluxo escolar" apresentado por cada ciclo no período avaliado. Traduzindo isso para um português mais "palatável", esse índice fornece um número que é tomado como indicador de qualidade do ensino na escola levando-se em conta o resultado do SARESP e a quantidade de alunos que são aprovados durante o ano. Assim, por exemplo, se o indicador de fluxo for de 80% isso quer dizer que o índice de qualidade educacional apurado para a escola corresponde a 80% da nota média obtida no SARESP.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É com base nesse índice que o governo do Estado de São Paulo atualmente paga o bônus para os professores e funcionários da escola. A partir do Idesp e das metas estabelecidas para a escola para um dado ano, calcula-se o IC (Índice de Cumprimento de Metas) e o IQ (Indicador de Qualidade). O IC é uma medida do quanto a escola atingiu de sua meta para aquele ano e o IQ é um indicador do quanto a escola está acima do desempenho das demais escolas da rede estadual em relação ao cumprimento da meta global que se espera atingir em 2030. Todo o processo é descrito no documento intitulado "<a href="http://idesp.edunet.sp.gov.br/Arquivos/Nota_tecnica2009.pdf">Programa de Qualidade na Escola - Nota Técnica</a>", disponível no <a href="http://idesp.edunet.sp.gov.br/">site do Idesp</a>.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Se o Idesp for igual ou superior à meta estabelecida para aquele ano, então os professores e funcionário têm um IC+IQ positivo e recebem o bônus integralmente; se o Idesp for superior ao do ano anterior e menor do que a meta estabelecida para aquele ano, então o IC+IQ também é positivo e recebe-se o bônus proporcionalmente a parcela da meta cumprida e, finalmente; se o Idesp for igual ou inferior ao do ano anterior, então o IC+IQ é negativo e ninguém recebe nada na escola. Esse índice é calculado para cada ciclo e o bônus é o resultado final considerando-se os ciclos em que o professor leciona ou o resultado global da escola, no caso de funcionários. Mesmo que um professor lecione em várias escolas o seu bônus é calculado com base na escola onde ele é sediado (sua sede oficial). Além disso, o bônus também depende da frequência do professor (ou funcionário) ao trabalho e não leva em conta se o professor ou funcionário faltou com ou sem justificativa (é proibido ficar doente, por exemplo).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Independentemente das razões teóricas pelas quais o Idesp é calculado dessa forma, do ponto de vista prático, e é isso que as escolas "vêem", ele é apenas um "índice que paga ou não paga bônus" e que pode ser manipulado de duas formas: fazendo-se com que os alunos tenham melhores resultados no SARESP e evitando-se que os alunos reprovem ou abandonem a escola.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Melhorar os resultados do SARESP pode ser visto, teoricamente, como melhorar a qualidade da aprendizagem, de maneira que os alunos aprendam mais e obtenham melhores resultados nessa prova. Porém, dado que isso demanda muito mais do que apenas "vontade", as escolas também podem optar, e algumas parece que já o fizeram, por:</div><ol style="text-align: justify;"><li>permitir que apenas os bons alunos façam a prova do SARESP, já que os alunos não são obrigados a fazerem a prova e os resultados são avaliados igualmente para escolas onde todos os alunos fizeram a prova ou para aquelas onde os "piores alunos" foram "convidados" a faltarem no dia da prova, melhorando assim o resultado da escola de forma artificial;</li>
<li>forçar com que os "melhores alunos" compareçam à prova e a façam com rigor, já que muitos alunos simplesmente faltam no dia da prova porque nenhum deles ganhará nada com essa prova, mesmo que tenham resultados excelentes. A propósito, nem os alunos e nem os professores sabem os resultados de cada aluno individualmente ou mesmo de cada classe. Não há nenhuma transparência nesses resultados e as notas obtidas pelos alunos indivivualmente não servem para nada, nem para os alunos e nem para a escola;</li>
<li>trapacear durante a aplicação da prova ou durante sua correção. Apesar de todos os cuidados com a logística de distribuição e aplicação das provas, e embora professores de escolas diferentes façam a aplicação da prova e a correção das questões objetivas seja feita pela instituição que gerencia a prova (CESGRANRIO) com um processo automatizado de leitura óptica de gabaritos, nada impede que em algumas escolas "alguém" dê uma ajudazinha para os alunos na hora da prova. Além disso, as redações são corrigidas na própria escola e isso permite que as notas sejam mais "camaradas", já que ninguém vai mesmo conferir essas correções;</li>
<li>transformar a escola em um "cursinho para o SARESP", com ênfase no ensino de técnicas de resolução de provas objetivas (tipo teste) com quatro alternativas, na resolução de questões de provas anteriores e nas técnicas de redação. Isso demanda mais trabalho da escola e, por isso mesmo, não se espera que muitas escolas o façam;</li>
<li>enfatizar as disciplinas do SARESP em detrimento de outras. O SARESP avalia apenas português e matemática de forma regular, e alterna entre as áreas de exatas e humanas de forma bianual. Algumas escolas podem criar programas específicos de atividades voltadas apenas para português e matemática e, ano sim ano não, para as outras disciplinas que serão avaliadas (ainda que com peso menor). </li>
</ol><div style="text-align: justify;">Já com relação ao "fluxo", as medidas de trapaça para driblar esse índice já estão em vigor bem antes do surgimento do sistema de bônus e dessa metodologia de cálculo do IC e consistem, fundamentalmente, em "empurrar todo mundo, evitando-se a qualquer custo a reprovação e a desistência dos alunos", principalmente quando estão nas séries terminais.</div><div style="text-align: justify;"><br />
O sistema de Progressão Continuada, que na verdade funciona como um sistema de "aprovação automática", termina na oitava série (ou nona, para o novo ensino fundamental de nove anos). Apenas na quarta (ou quinta) e na oitava (ou nona) série os alunos podem ser reprovados e, portanto, a reprovação é pequena no Ensino Fundamental. Além disso, como não há reprovação, a evasão nesse nível de ensino é baixa e a escola acaba funcionando muitas vezes como "creche" para os alunos, estimulando ainda mais as famílias a manterem seus filhos na escola. Isso faz com que o indicador de fluxo seja alto para o Ensino Fundamental, mas não funciona bem para o Ensino Médio e acarreta, como veremos a seguir, uma alta defasagem entre a série escolar e o nível escolar dos alunos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quando os alunos chegam à oitava (ou nona) série e podem, teoricamente, serem reprovados, muitas escolas os "empurram para fora" porque não possuem Ensino Médio e não terão que continuar com esses alunos. O mesmo vale para escolas que têm apenas os ciclos iniciais (até a quarta ou quinta série). Isso permite que muitas escola aprovem todos em massa, independentemente de terem ou não condições de prosseguir no ciclo seguinte ou no Ensino Médio. Com isso transfere-se o problema para as escolas que receberão esses alunos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Já no Ensino Médio, as reprovações podem ocorrer em qualquer série, mas há décadas vem se criando uma cultura de "progressão continuada extra-oficial" por imposição da própria Secretaria da Educação. Reprovar um aluno tornou-se uma tarefa tão difícil e desgastante para o professor e para a escola que somente os casos onde é "impossível conseguir algum argumento para a aprovação" o aluno fica retido. Mesmo assim o índice de reprovação no Ensino Médio é alto porque, como já discutimos em outras oportunidades, e voltaremos ao tema em breve, a maioria dos alunos do Ensino Médio estão na verdade na sexta-série (ou menos que isso) do Ensino Fundamental em termos de aprendizagem.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Teoricamente, deveria-se esperar uma melhoria do indicador de fluxo por meio de medidas de acompanhamento dos alunos, evitando-se que eles abandonassem a escola por falta de estímulo e promovendo ações de recuperação e de apoio que evitassem a reprovação, suprimendo assim as deficiências de aprendizagem de cada um. Como isso quase nunca é possível, e sempre demanda muito trabalho e esforço de todos na escola e na comunidade, muitas escolas optam por um sistema mais simples que consiste em trapacear:</div><ol style="text-align: justify;"><li>aprovando-se os alunos sem nenhum critério pedagógico nas séries onde eles poderiam ser reprovados;</li>
<li>evitando-se a desistência dos alunos a todo custo, incluindo-se ai a promessa de aprovação automática, e não computando todas as faltas dos alunos;</li>
<li>criando-se sistemas de "dependência", onde alunos reprovados em várias disciplinas acabam sendo aprovados no ano letivo e remetidos a cursaram novamente algumas disciplinas no ano seguinte, em conjunto com as demais daquela série, na forma de "dependências" (que, via de regra, significa que no ano seguinte ele entregará um "trabalho" de uma ou duas páginas copiadas da internet no final do ano e será "oficialmente aprovado" naquelas disciplinas).</li>
</ol><div style="text-align: justify;">Nenhum dos "métodos de trapaça" descritos acima tem potencial para garantir o recebimento de bônus por anos seguidos, pois todos eles se esgotam após o primeiro uso e, mesmo com um sistema contínuo de trapaça, o IC tende a se normalizar após um ou dois anos. Nesse caso, se a escola parar de trapacear por um ano ela ficará sem bônus e terá um IC muito baixo, mas depois poderá retomar o método de trapaça nos dois anos seguintes. Calibrando-se o método de trapaça talvez seja possível até obter bônus por três ou mais anos consecutivos mas, definitivamente, não se melhorará a qualidade da escola e nem da educação que ela oferece.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Se a escola não trapacear ela terá que melhorar seus índices de qualidade criando medidas efetivas para evitar a evasão e para melhorar o ensino e a aprendizagem dos alunos, como se alardeia na teoria, mas isso também implica em ter que controlar variáveis totalmente fora do controle da própria escola, como:</div><ol style="text-align: justify;"><li>a qualidade dos alunos que a escola recebe de outras escolas. Se a escola recebe bons alunos, então ela pode continuar tornando-os melhores, ou melhorar seu resultado artificialmente caso ela tenha alunos atualmente piores que os que passa a receber, mas se ela recebe (ou passar a receber) alunos com péssima formação, provenientes de escolas que "os empurraram sem ensinar", então ela dispenderá a maior parte de seu esforço para tentar "recuperá-los" e nunca terá bons índices de desempenho;</li>
<li>a condição sócio-econômica de sua clientela. Escolas que dispõem de alunos de classes sociais muito desfavorecidas não têm como impedí-los de desistirem da escola em troca de qualquer trabalho que eles consigam, principalmente quando eles estão no Ensino Médio. Isso afeta diretamente o indicador de fluxo e diminui o Idesp da escola;</li>
<li>corpo docente descomprometido ou desqualificado lecionando nas disciplinas avaliadas no SARESP. Professores que não têm sede na própria escola e não recebem seu bônus conforme o Idesp daquela escola não têm porque se preocuparem com a melhoria do Idesp da escola. Professores que estão profundamente desistimulados, ou que são simplesmente incompetentes demais para exercerem bem a sua função, não "melhoram" por mágica e nem se importam com índices, ou mesmo com seu próprio bônus.</li>
</ol><div style="text-align: justify;">Assim, por maiores que sejam os esforços individuais de uma escola (honestos ou desonestos), seu Idesp tenderá a se estabilizar em dois anos e após isso as melhorias serão muito lentas e dependerão sempre de variáveis que estão além do campo de atuação da própria escola e dos seus professores.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A título de exemplo, seguem os gráficos comparativos desses indicadores para a minha escola, EE. Profa Neuza Maria Nazatto de Carvalho, onde decididamente não houve nenhuma forma de trapaça em nenhum dos anos em que esses índices foram medidos:</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TAIro-vCkoI/AAAAAAAAAvA/_bV6FYtKnp0/s1600/Saresp_Neuza.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="182" src="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TAIro-vCkoI/AAAAAAAAAvA/_bV6FYtKnp0/s400/Saresp_Neuza.PNG" width="400" /></a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TAIsHIKevNI/AAAAAAAAAvI/5rdSmKbrp2Y/s1600/Saresp_Neuza_EM.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="185" src="http://3.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TAIsHIKevNI/AAAAAAAAAvI/5rdSmKbrp2Y/s400/Saresp_Neuza_EM.PNG" width="400" /></a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TAIsfPwN8VI/AAAAAAAAAvQ/UIfHzosqG1Q/s1600/Ind_Fluxo_Neuza.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="183" src="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TAIsfPwN8VI/AAAAAAAAAvQ/UIfHzosqG1Q/s400/Ind_Fluxo_Neuza.PNG" width="400" /></a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TAIsyIRsmBI/AAAAAAAAAvY/7_2fhVDJwlA/s1600/Idesp_Neuza.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="165" src="http://1.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/TAIsyIRsmBI/AAAAAAAAAvY/7_2fhVDJwlA/s400/Idesp_Neuza.PNG" width="400" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Analizando esses números e as medidas que temos implantado ao longo desses três últimos anos, temos tentado entendê-los para traçar estratégias para superá-los. No entanto, temos as seguintes dificuldades:</div><ol style="text-align: justify;"><li>tanto o nosso Ensino Fundamental quanto nosso Ensino Médio recebem alunos de outras escolas e nós não podemos escolher quais queremos aceitar ou não (como fazem as universidades públicas com seus exames vestibulares);</li>
<li>a qualidade dos alunos, em termos de aprendizagem, que recebemos dessas escolas têm diminuído ao invés de aumentar, e isso ocorre mesmo quando aumenta o Idesp das escolas das quais recebemos alunos (!?);</li>
<li>não temos meios de impedir que os alunos do Ensino Médio desistam da escola para trabalhar e, além disso, o perfil sócio-econômico de nossa comunidade indica que ela é uma comunidade de operários que valorizam mais o trabalho (qualquer trabalho) do que a escola;</li>
<li>não temos nenhuma política de "empurrar alunos a qualquer custo", mas temos uma dificuldade muito grande em mantê-los no Ensino Médio quando eles não tem condições mínimas de aprendizagem e, por isso, muitos acabam desistindo ou abandonando a escola ou sendo reprovados por excesso de faltas e absoluta falta de notas;</li>
<li>no primeiro ano do Ensino Médio recebemos alunos que vêm muitas vezes de escolas onde nunca fizeram uma tarefa de casa, nunca fizeram uma prova escrita, são analfabetos funcionais e não dominam as operções aritméticas básicas. Isso faz com que passemos os três anos do Ensino Médio nos preocupando em recuperar toda a aprendizagem que não tiveram, mas os exames do SARESP não levam isso em conta;</li>
<li>temos muitos professores temporários lecionando na escola cuja sede é em outra escola, e nem todos, temporários ou não, têm uma preocupação real em melhorar a qualidade de suas aulas diante dos esforços que precisariam empreender. Nos casos em que os alunos são "muito ruins", muitos professores desejam mais que eles abandonem a escola do que ajudá-los a superarem suas diversas dificuldades.</li>
</ol><div style="text-align: justify;">Tudo isso nos leva a não ter nenhuma expectativa de melhora desses índices enquanto não passarmos a receber alunos mais bem preparados e enquanto outras políticas públicas não cooperarem para a melhoria do perfil sócio-econômico da nossa comunidade. As tentativas isoladas que empreendemos na escola nos últimos anos já promoveram muitas mudanças positivas sob vários aspectos, porém de pouco impacto na aprendizagem dos alunos medida pelo SARESP (aprendizagem de conteúdos curriculares apenas).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por fim, a avaliação do SARESP não se baseia na realidade do ensino na nossa escola (e nem na realidade da maioria das escolas) e pressupõe, erroneamente, que trabalhamos com alunos sem defasem de aprendizagem idade-série ou cujo único aprendizado na escola seja de cunho "curricular". Se, por uma lado, isso mede a situação efetiva de aprendizagem dos alunos segundo padrões curriculares internacionais, por outro, isso é um fator limitante do nosso Idesp, já que nossos alunos não estão sujeito à mesma realidade que os alunos hipotéticos que o exame avalia e nem podem prescindir de elementos não-curriculares que fazem parte de sua formação geral.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Isso posto, fica a pergunta: de quem é, afinal, o mérito que o bônus diz recompensar?</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-45306560583632828792010-05-23T17:41:00.001-03:002010-05-23T17:45:28.162-03:00Físicossauros em extinção<div style="text-align: justify;">Notícia publicada no <a href="http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100522/not_imp555002,0.php">Estadão On-line</a>, em 22/05/2010, informa que foram aprovados no útltimo concurso apenas 22,8% dos professores que prestaram o concurso para PEBII (Professor de Educação Básica II - que atuam nos ciclos finais do ensino fundamental e no Ensino Médio). Em outros termos, isso significa dizer que 77,2% dos professores paulistas foram péssimamente formados pela universidade, não sendo capazes de atingir a nota mínima 5,0 para serem aprovados e, ainda, que os professores que já estão atuando, e também não foram aprovados, não receberam do estado formação continuada minimamente suficiente para atuarem como professores.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mais estarrecedora ainda é a notícia de que <b><i>mais de 92% dos professores de Física foram reprovados!</i></b> E eles continuarão em sala de aula, lecionando normalmente, porque simplesmente <i>não existem mais bons professores de física disponíveis para o ensino público</i>. Os que restam são <i><b>fisicossauros em extinção</b></i>. Porque será?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ok, eu sou um professor de física que foi aprovado entre os 304 que conseguiram atingir a nota mínima, sou um <i>fisicossauro em extinção</i>, e minha nota não foi nada mínima, mas isso não interessa. Interessa saber que já sou efetivo do cargo e que, portanto, pode-se contar até aqui que apenas 303 foram realmente aprovados. Mas quantos desses, assim como eu, já não são efetivos e só prestaram o concurso "porque gostam de testar seus conhecimentos"? Quantos desses aprovados irão realmente assumir seu cargo em troca do salário (*@#&!%*) que o governo nos paga? Quantos novos professores de física realmente serão contratados?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">No concurso anterior, em que fui o segundo colocado na listagem final, os números foram muito semelhantes. Desconfio que no próximo os números serão também bem próximos. Porque isso ocorre? Porque temos professores de física tão ruins assim?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Vamos um pouco mais adiante com as indagações: porque os professores de física, como eu, que são concursados e estão lecionando (e, portanto, são parte dessa minoria que compõe a elite dos menos que 8% aprovados) são também considerados ruins pelos resultados que obtém em sala de aula? Eu, por exemplo, não consigo ensinar nem 30% do que julgo ser o necessário que meus alunos aprendam! Porque meu ensino é tão ruim se sempre fui um dos primeiros colocados nesses concursos para efetivação de professores?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Vejo claramente duas linhas de reflexão sobre esse tema:</div><ol style="text-align: justify;"><li>Os professores que têm sido formados pelas universidades para lecionar física são pessimamente formados. Saem da universidade tão ruins que não conseguem dominar sequer os conteúdos minimos que terão que ensinar aos seus alunos. Não são físicos e nem professores, mas recebem diplomas da universidade atestando que são ambos! Que universidade é essa que não é capaz de formar professores de física, mas atesta que os forma?</li>
<li>Mesmo os professores concursados e que, supostamente, tiveram um boa formação que lhes permitiu passar no concurso (o que é uma grande besteira, porque esse concurso tem um nível inferior ao do vestibular para ingresso na própria universidade), mesmo esses professores não têm como lidar corretamente com a aprendizagem de alunos que já nem conseguem aprender mais nada, muito menos física. O que fazer com esses alunos e professores além de criticá-los gratuitamente?</li>
</ol><div style="text-align: justify;">Professores ruins não conseguem ensinar bem. Professores bons também não estão conseguindo. Então o que se pode fazer? Se, por um lado eu poderia "contar vantagem" por estar entre o supra-sumo da elite dos professores de física, por outro, eu sei que o meu aluno aprende muito pouco e tenho consciência de que estou fazendo o meu melhor. Como fico diante dessa situação, sabendo que meu ensino não é significativamente melhor, pelos resultados que apresenta, do que o ensino de qualquer outro professor de física?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Até quando as cabeças pensantes desse país, se ainda existem, continuarão fazendo de conta que o problema da educação está apenas no professor e no aluno que estão dentro das salas de aula? Até quando as universidades continuarão impunemente despejando no mercado professores que não têm condição nem mesmo de aprender aquilo que deveriam ensinar? Até quando vão tolerar governos incompetentes que desprezam a educação e os próprios professores? Até quando os "formadores de opinião" continuarão se omitindo e se acovardando em troca de contratos, empregos e facilidades que obtém das tetas cheias da viúva?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E, enquanto nada disso acontece, lá vou eu para a sala de aula, ensinar física para alunos que, em grande número, não sabem ler, escrever, efetuar operações aritméticas básicas e, principalmente, não sabem a diferença entre ir para a escola ou ficar batendo batendo papo em uma roda de amigos na hora do intervalo. Alunos que, como muitos de seus professores, não aprenderam a aprender. E, como já diria um certo humorista sem graça, "o salário, ó!".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">P.S. oportuno: após corrigir as primeiras provas do segundo bimestre, noto uma melhora, ainda tímida, mas efetiva, nos resultados da aprendizagem dos meus alunos. Tenho agora, aproximadamente, 25% dos meus alunos aprendendo um pouco (muito pouco ainda) de física. Para mim ainda é um resultado muito decepcionante, mas comparado à minha própria classe de "professores de física", esses meus alunos representam um percentual 300% maior de gente "aprendendo física". Tenho esperanças de conseguir elevar esse percentual para 30% ainda nesse bimestre e, talvez, conseguir atingir os 40% até o final do ano letivo. São números ridículos, eu sei, mas que representam uma verdadeira façanha diante da realidade onde a escola pública se insere.</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-10505322171841919642010-05-16T11:33:00.001-03:002010-05-16T11:34:17.498-03:00Excesso de expectativas<div style="text-align: justify;">Se você é um professor que acredita que seus alunos devem aprender os conteúdos da sua discplina e desenvolver habilidades e competências, mas não vê isso acontecendo, então provavelmente o problema seja seu (das suas expectativas) e não dos seus alunos (que representam a realidade). Pelo menos foi isso que eu disse ontem para uma colega que reclamava de ter preparado uma aula espetacular e não ter conseguido sequer dá-la, porque seus alunos não a deixaram.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por mais que isso soe estranho, me parece bastante verdadeiro. Nós professores ainda somos bastante tolos ao esperar que possamos resolver todos os problemas de aprendizagem sendo apenas excelentes professores. Acreditamos muitas vezes que uma aula bem preparada, diversificada, repleta de recursos, contextualizada, etc. etc., fará nossos alunos quererem aprender. Quanta bobagem!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nossos alunos já aprendem muito, segundo o que eles mesmos acham, segundo o que seus pais acham e segundo os exemplos que eles obtém na sociedade. Quase todos os famosos (artistas, esportistas, sujeitos da mídia, etc.) são semi-analfabetos, mas fazem sucesso, ganham muito dinheiro e são "formadores de opinião". Professor só aparece na mídia quando apanha de aluno, da polícia ou quando é pego fazendo alguma bobagem.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A cultura de que a escola não tem a menor importância está tão difundida na sociedade que é difícil convencer alguém do contrário. Temos mais pessoas bem qualificadas sem emprego do que pessoas desqualificadas, e mesmo dentre aqueles que "supostamente são cultos", vemos aberrações que nos desanimam. Veja abaixo, por exemplo, nosso ex-governador, José Serra, que é economista, tentando dar uma aula sobre porcentagem para uma classe de alunos (provavelmente) da sexta-série:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/U6r7PqGt_8k&hl=pt_BR&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/U6r7PqGt_8k&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Esqueça, por um momento, que ele não sabe fazer a conta que está tentando ensinar aos pequenos e note apenas a didática miserável, a fala mole, monótona e interrompida, quase sempre de costas para a classe, veja o posicionamento desordenado do texto na lousa, o uso nada inteligente de cores e marcadores, note o bagunça e a desatenção que ele consegue da classe (mesmo sendo um fato inusitado e atípico em uma sala de aula, os pequenos não estão ligando a mínima para o que ele fala). Isso sim é um bom exemplo de méritocracia!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;"><i>(*) Nota explicativa: Serra não é economista nem engenheiro porque não concluiu nenhuma dessas graduações (fonte: O Globo, 18/08/2009, pág. 3).</i> <i>E muito menos é professor, então devemos dar um desconto para a falta de mérito dele.</i></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Depois ainda reclamamos quando os caderninhos que enviam para os alunos têm dois Paraguays, e em lugares errados do mapa, quando escrevem "encinar" ao invés de "ensinar", ou quando enviam livros com palavrões para os pequeninos. Oras, isso parece que se tornou a referência de normalidade e meritocracia paulista, e as aberrações ainda são professores que, como minha colega, acreditam que podem fazer a diferença apenas sendo bons professores e preparando boas aulas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A escola (pública) vive uma crise muito profunda e antiga. E ano após ano nossos governos incompetentes conseguem fazer o que todos acreditavam ser o impossível: pioram nossa Educação ainda mais. Desviam o dinheiro da educação (O estado de São Paulo desviou R$ 660.000.000,00 no ano apassado, segundo dados do MEC), investem o dinheiro público em contratos estranhos com empresas que se tornam financiadoras das campanhas políticas desses mesmos políticos (veja a quantidade de dinheiro que foi torrada com esses caderninhos do aluno, que no ano passado todo foram inutilizados por sequer chegarem às escolas em tempo de serem usados), inventam sistemas de avaliação "por mérito" onde o próprio professor não tem nenhuma participação (uma espécie estranha de condenação à revelia) e nada pode fazer para "ter mérito", criam planos de destruição da carreira baseados falsamente em uma meritocracia tão real quanto os resultados estatísticos que manipulam para fazer parecer que o Ensino melhorou em "algum" aspecto. Enfim, a escola pública brasileira, e em especial a paulista, foi jogada na lata do lixo há muito tempo e ninguém dá mínima para isso.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Aqui, dentro da escola, ainda temos esses professores teimosos que preparam boas aulas, discutem a aprendizagem dos alunos, atuam em múltplicas funções (que vão de babás até conselheiros matrimoniais) e ainda teimam em querer ensinar suas próprias disciplinas. Lá fora, centenas de incompetentes, sem nenhum mérito, embolsam gordos salários em cargos inúteis nas secretarias, alguns recebem comissões diretamente do caixa 2, 3 e sabe-se lá quantos mais, com verbas desviadas e para a finalidade de produzir estatísticas falsas. A maioria posa de político competente para as fotografias e têm a cara de pau de atribuir aos professores a culpa pelo fracasso de um sistema que parece que ninguém quer mesmo que funcione, principalmente esses mesmos políticos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Minha colega vai continuar preparando boas aulas e continuará se frustrando toda semana. Nossos políticos continuarão canastrões como sempre foram e seus laranjas distribuídos pelas secretarias de governos continuarão desfilando sua arrogância de impunes para nos cobrar os méritos que eles mesmos não possuem. Boa aula, colega!</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-18816518831339445432010-04-30T05:33:00.000-03:002010-04-30T05:33:55.002-03:00Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_L-aIG-7AW7I/SrzS6PE4G_I/AAAAAAAAGQk/cHBZeBY4-ks/S1600-R/Pio+XII+rezando+240.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/_L-aIG-7AW7I/SrzS6PE4G_I/AAAAAAAAGQk/cHBZeBY4-ks/S1600-R/Pio+XII+rezando+240.jpg" width="184" /></a></div><div style="text-align: justify;"><i>Confiteor Deo omnipotenti, beatae Mariae semper Virgini, beato Michaeli Archangelo, beato Joanni Baptistae, sanctis Apostolis Petro et Paulo, omnibus Sanctis, et tibi pater: quia peccavi nimis cogitatione verbo, et opere: mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa. Ideo precor beatam Mariam semper Virginem, beatum Michaelem Archangelum, beatum Joannem Baptistam, sanctos Apostolos Petrum et Paulum, omnes Sanctos, et te Pater, orare pro me ad Dominum Deum Nostrum.</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: x-small;"><i>Eu pecador me confesso a Deus todo-poderoso,à bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao bem-aventurado são Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado são João Batista, aos santos apóstolos são Pedro e são Paulo, a todos os Santos e a vós, Padre, porque pequei muitas vezes, por pensamentos, palavras e obras, (bate-se por três vezes no peito) por minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa. Portanto, rogo à bem-aventurada Virgem Maria, ao bem-aventurado são Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado são João Batista, aos santos apóstolos são Pedro e são Paulo, a todos os Santos e a vós, Padre, que rogueis a Deus Nosso Senhor por mim.</i></span></div><br />
<div style="text-align: justify;">Dando sequência ao tema iniciado na postagem anterior, <i>o fracasso do ensino que oferecemos aos nossos fracassados alunos</i>, retomo a questão após a análise estatística dos dados que quantificam esse fracasso com os meus alunos e analiso-a agora sob a ótica pós-neubaueriana (em homenagem à Rose Neubauer, nossa ex-Secretária da Educação que um dia disse a célebre frase, ou algo parecido: "se nossos alunos não aprendem é porque alguém está recebendo seus salários sem trabalhar"); frase com a qual concordo plenamente, e rogo para que ela tenha devolvido todos os seus salários aos cofres públicos. Nessa ótica neubaueriana toda culpa é minha, e é máxima a minha culpa.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Vamos então aos fatos:</div><div style="text-align: justify;">1 - o desempenho dos meus alunos no primeiro bimestre foi deplorável. Embora as médias das classes sejam fruto de uma avaliação contínua, extensa, inclusiva e flexível, todas as médias ficaram em torno de "5,0";</div><div style="text-align: justify;">2 - o pior desempenho nos itens avaliados refere-se às provas, cujas médias situam-se em torno de "2,5". Em nenhuma sala a média de provas ficou muito próxima da média final (que inclui todos os itens de avaliação considerados);</div><div style="text-align: justify;">3 - estudando as correlações estatísticas entre os diversos itens de avaliação, em todas as salas verificou-se que não há nenhuma correlação positiva entre as tarefas entregues e as notas de provas. A interpretação mais viável desse fenômeno "anti-pedagógico" é que as tarefas não são realmente feitas, mas tão somente "copiadas" ou "obtidas", sem o envolvimento direto ou o estudo por parte de grande número dos alunos (lembrando sempre que correlações estatísticas são obtidas a partir dos conjuntos de dados, i. e., das classes, e não permitem interpretações individuais para um aluno ou outro em particular);</div><div style="text-align: justify;">4 - o item de avaliação onde os alunos obtêm o maior desempenho de notas é justamente a "entrega de tarefas". A maioria dos alunos entende que "entregar tarefas", mesmo que copiadas ou mal feitas, é sua principal função no processo de aprendizagem e as "entregam" regularmente.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Todas as estatísticas das minhas salas estão disponíveis na <a href="http://profjc.net/joomla15/Biblioteca-Digital/">Biblioteca Digital</a> do meu site e, no menu da seção <i>Alunos, </i>estão os links para todas as planilhas de acompanhamento de atividades, provas e frequência dos alunos (que são computados em tempo real, durante as aulas, ficando sempre disponíveis na internet para consulta dos pais e responsáveis).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A sequência de ações pedagógicas ao longo do primeiro bimestre, levada à cabo com todas as classes dos terceiros anos, foi, resumidamente, a descrita abaixo:</div><div style="text-align: justify;">1 - acordos iniciais sobre avaliação, regras de convivência, uso do material didático, cumprimento de prazos e entregas de tarefas;</div><div style="text-align: justify;">2 - apresentação da ementa do curso, dos materiais didáticos que serão utilizados e dos que estavam disponíveis para consulta na biblioteca e no meu site;</div><div style="text-align: justify;">3 - aula prática, de laboratório, onde foram feitos experimentos e demonstrações sobre eletrostática com a participação direta dos alunos e foi apresentado em paralelo o desenvolvimento histórico da eletricidade;</div><div style="text-align: justify;">4 - resolução de problemas, discussão de tarefas e complementações sobre os conceitos estudados; </div><div style="text-align: justify;">5 - aula teórica, tradicional, sobre o modelo atômico e os conceitos fundamentais de eletricidade;</div><div style="text-align: justify;">6 - aula teórica, usando slides e datashow, sobre os processos de eletrização e o modelo atômico;</div><div style="text-align: justify;">7 - resolução de problemas, discussão de tarefas e complementação sobre os conceitos estudados; </div><div style="text-align: justify;">8 - aula teórica, retomando os resultados da aula experimental sobre eletrização e introduzindo os conceitos de força e campo elétrico;</div><div style="text-align: justify;">9 - resolução de problemas, discussão de tarefas e complementação sobre os conceitos estudados; </div><div style="text-align: justify;">10 - aula teórica sobre campos elétricos com apoio de datashow e uso de simuladores de campo elétrico;</div><div style="text-align: justify;">11 - resolução de problemas, discussão de tarefas e complementação sobre os conceitos estudados;</div><div style="text-align: justify;">12 - aula teórica, tradicional, sobre potencial elétrico; </div><div style="text-align: justify;">*1 - em quase todas as aulas foram propostas atividades e tarefas para casa, foram dadas orientações de estudo no livro didático e propostas de atividades usando-se o <i>caderno do aluno</i> (oferecido pela SEE e que contém algumas atividades);</div><div style="text-align: justify;">*2 - ao longo do bimestre foram feitas duas avaliações escritas, sendo uma substitutiva da outra;</div><div style="text-align: justify;">*3 - em todas as aulas há rodadas de dúvidas sobre as tarefas, atividades e conteúdos trabalhados no dia;</div><div style="text-align: justify;">*4 - todas as abordagens, principalmente nas aulas teóricas, foram contextualizadas. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Para quem não transita muito na área de educação, a sequência acima, resumidamente, inclui: aulas expositivas tradicionais, porém contextualizadas; aulas de aplicação com resolução de problemas contextualizados e discussões; aulas com uso de TICs e recursos "modernos" diversos; e aulas de laboratório com experimentação e discussão de resultados. Isso é "mais ou menos" o que os teóricos consideram com sendo "aulas modernas" e "interessantes" para os alunos. Mas, como vemos, não foram tão interessantes assim...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Como parte de uma prática pedagógica democrática e dialógica, fiz nessa semana que termina, o comentário da avaliação com os alunos, a exposição de notas e estatísticas, o meu diagnóstico de cada classe e, claro, abri a discussão para os alunos para que juntos possamos encontrar outros caminhos, talvez mais promissores, em busca de uma aprendizagem mais significativa.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">As discussões foram bem conduzidas e terminaram todas em bons termos, sem debates acirrados, defesas intransigentes ou acusações mútuas. Para começo de conversa eu assumi, como faço nesses artigos, "<i>mea culpa, mea maxima culpa</i>" (veja a oração <i>confiteor </i>- <i>"eu confesso"</i> - no início do artigo), e solicitei aos pequenos que me ajudassem então a fazê-los aprenderem mais e melhor.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Os resultados dessas discussões são tão curiosos que mereceriam um romance à parte. Alguns alunos de pronto assumem que não estudaram nada mesmo, que trapacearam na entrega das tarefas, que faltaram da escola mais do que precisaram, que não estiveram devidamente atentos às aulas, que não fazem perguntas quando têm dúvidas e que, finalmente, não se importam mesmo se aprendem ou não. Eles querem apenas sair da escola.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Alguns começam defendendo minhas aulas, dizendo que gostam delas, que entendem o que eu explico, que gostam dos experimentos, das aulas modernosas com uso de TICs e da metodologia em geral, mas que mesmo assim não conseguem entender bem os conceitos, não sabem fazer contas, não conseguem ler o livro didático, desanimam na hora de fazer as tarefas e acham que pecisam se empenhar mais... mas raramente se empenham no próximo bimestre. Eles querem apenas sair da escola.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Há também a turma dos que não acham nada, cochilam durante essas conversas, não acreditam que possam contribuir com nenhuma discussão, não esperam que nada seja mudado e aceitam que tudo é como deveria ser mesmo, e ponto final. Eles querem apenas sair da escola.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E, por fim, há a turma onde se insere aquele meu aluno, citado no artigo anterior, que acha que a culpa é realmente minha, maximamente minha. Esse aluno e sua turma reivindica uma aula mais simples, sem muita discussão de conceitos, onde o professor "passa exatamente aquilo que vai pedir em seguida", de maneira que ele possa copiar e colar, reproduzindo o que lhe foi dado. Essa turma reclama que a linguagem do professor é "muito complicada", que os textos são muito difícieis e longos, que o professor não lhes explica devidamente como "fazer as contas" ou, pior ainda, que explica como fazer "-3-(-2)" mas depois dá uma conta totalmente diferente, como "-3-(-4)" e então causa a maior confusão. Essa turma sugere que eu pare com essa história de "autonomia de aprendizagem", "domínio de leitura", "capacidade de análise", "treinamento de técnicas", etc., e que me concentre no que é realmente importante para eles: copiar, colar e devolver o que foi colado no caderno. Eles querem apenas sair da escola.</div><br />
<div style="text-align: justify;">Esse aluno, que atribui somente à mim a culpa de suas notas péssimas, sugere nessa discussão que eu "abandone os livros didáticos, as teorias pedagógicas, essa 'coisa de <i>inovação</i>', que fale a linguagem da galera, deixe de enrolar explicando um monte de coisas que ficam confusas na cabeça dele e 'passe' apenas aquilo que depois vou pedir para ele na prova". Ele, e sua turma, defendem que tiveram excelentes professores que usaram excelentes métodos de ensino nos anos anteriores, professores com os quais sempre tiveram boas notas, embora não se lembrem de nada do que aprenderam e não sejam capazes de fazer as operações mais básicas, como somar e subtrair números inteiros ou ler parágrafos com mais de três linhas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Além dessas sugestões, recebi outras, como passar filmes, que é mais divertido do que ter aulas, fazer mais aulas de experimentação, mas sem teoria por trás, e deixar de usar o livro didático, copiando na lousa apenas o que "vai cair na prova" e "explicando a matéria da lousa e, a seguir, dando um exercício do mesmo tipo valendo nota". Claro, abolir as provas também é uma sugestão sempre recorrente.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Que leitura podemos fazer disso tudo?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Os nossos grandes pedagogos acreditam que nossos alunos não aprendem porque têm aulas sempre chatas, monótonas e tradicionais, mas os meus alunos, que adoram aulas diferentes, parecem que não aprendem muita coisa com elas. Nossos teóricos dizem sempre que devemos ter uma relação dialógica com os alunos, que devemos ouvi-los e atendê-los, mas o que os meus alunos parecem querer é justamente um modelo de ensino que esses mesmos teóricos dizem ser ultrapassado: aquele em que você finge que ensina, o aluno finge que aprende e o governo finge que paga. Os alunos não querem ler textos (principalmente os grandes - entenda-se uma página inteirinha!); não querem atividades reflexivas, onde tenham que pensar algo; não querem atividades práticas que impliquem em ler roteiros, compreender a teoria por trás do experimento e tirar conclusões à partir dos dados; não querem contextualizações, interdisciplinariedade ou transdiciplinariedade; eles não querem a educação que queremos dar a eles! Eles querem apenas sair da escola e, enquanto não saem, gostariam de não serem perturbados por professores que lhes obriguem a ler, pensar, escrever e tomar posição.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Eu tendo a achar que esse meu aluno "rebelde" é mais sábio que todos os educadores que já li até hoje, incluindo aí todos os grandes nomes. Esse aluno, quando sugere que eu rasgue os manuais pedagógicos, jogue os livros didáticos no lixo, deixe de querer contextualizar, exemplificar e "florir" os conceitos, ele quer que, ao invés disso, eu passe a ser bem mais objetivo para os propósitos dele, aluno: sair logo da escola. Ele não gosta dessa escola "nova", com tecnologias, aulas diferentes e paradigmas esdrúxulos, como "aprender a aprender". Ele não sente que precise aprender algo, nem sequer acha que "pode" aprender algo. E, por isso, quer sair logo da escola.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O governo concorda com ele, em termos: porque também quer que ele saia logo da escola. Nós, professores, também concordamos com ele, em termos: porque também queremos que ele saia logo da escola. E tem sido assim desde que ele entrou na escola. De ano para ano ele veio sendo "empurrado para fora da escola", tem copiado, colado e entregue, e tem sobrevivido e <i>progredido continuamente</i> dentro desse modelo de exclusão pedagógica. Seria justo que agora, no fim de sua escolarização básica, eu aparecesse para lhe dizer que ele tem que ver a vida sobre outro prisma? Que o mundo mudou e exigirá dele mais do que exigiu dos seus pais? Que não será um mundo tolerante com pessoas inaptas para a aprendizagem contínua?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Não parece justo. Não parece justo exigir dele mudanças de paradigma justamente agora. Não parece justo lhe pedir para fazer coisas que não tem feito até então (como ler, pensar, dialogar, perguntar e debater). Não parece justo usar novas tecnologias com quem se enxerga excluído delas. Não parece justo querer mudar a visão de mundo de alguém que já pensa ter todas as respostas corretas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Pelo menos é exatamente assim que pensaram seus professores, quando lhes foi dito, há décadas, que eles precisavam contextualizar suas aulas. Eles não o fizeram, e esse meu aluno sente que aprendeu mesmo assim. Então porque deveríamos contextualizar algo agora?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quando seus professores lhe mandavam copiar da lousa para o caderno e, depois, para a folha de exercício ou para a prova, ele o fez. Porque teria que fazer algo diferente agora? Ele teve bons professores!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por anos e anos ele não precisou ler, nem escrever e nem fazer contas. Raramente teve tarefas, provas e avaliações, e quando as teve não precisou se preocupar em fazê-las realmente. Ele apenas copiou e colou. E foi aprovado, ano após ano, sem que nunca ninguém tivesse a coragem de lhe dizer que ele estava apenas mudando de série escolar e de ano no calendário, mas que continuava no mesmo estágio de aprendizagem do ano anterior. Seus professores não lhe disseram isso, seu governo não lhe disse isso, e todos receberam seus salários da mesma forma.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Agora eu o tenho como aluno e, por isso, ele e sua turma viverão essa injustiça ao longo de todo o ano. Infelizmente eles terão que ler textos (até mesmo de uma página inteira!), farão provas e só conseguirão boas notas quando aprenderem e compreenderem os conceitos, terão tarefas para entregar e prazos para cumprir, ouvirão explicações "chatas" que teimam em contextualizar os conceitos, serão submetidos a aulas com tecnologia, inovação e atividades em laboratório, inclusive com roteiros e teoria! Eles ainda vão sofrer muito comigo, e eu serei extremamente injusto com suas pretensões de "serem deixados em paz". Eu não vou deixá-los em paz!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa!</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-6098637379158183852010-04-12T11:01:00.000-03:002010-04-12T11:01:22.202-03:00Hora do pesadelo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S8MRyIvIpsI/AAAAAAAAAt0/gx5Xn6U4K10/s1600/freddy.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S8MRyIvIpsI/AAAAAAAAAt0/gx5Xn6U4K10/s200/freddy.jpg" width="149" /></a></div><div style="text-align: justify;">Fim de bimestre costuma ser quase sempre uma releitura do filme "A hora do pesadelo", com a diferença de que não é preciso dormir e o Fred vem vestido de "vermelho abaixo da média".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Desde que a geração dos <a href="http://aprendendoaensinar.blogspot.com/2009/08/os-filhos-bastardos-da-progressao.html">Filhos Bastardos da Progressão Continuada</a> começou a chegar no Ensino Médio, há cerda de uma década, assistimos estarrecidos a um show de horrores de moços e moças que após 10 anos frequentando a escola ainda não aprenderam a ler, escrever, somar, subtrair, multiplicar e dividir. Mas isso está longe de ser o maior crime que cometeram contra esses coitados, o pior mesmo foi tê-los transformados em <i>bactérias estudantis</i>.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Como todos sabemos, as bactérias só sabem reproduzir, não têm um propósito certo para isso e nem para mais nada e, embora não sejam mal humoradas, mal educadas, e nem vivam tendo crises existenciais adolescentes, elas também são chatas pra caramba!</div><br />
<div style="text-align: justify;">Alguns dos nossos pobres alunos acabaram sendo reduzidos à condição de bactérias estundantis e agora acabam se comportando exatamente dessa maneira: reproduzem tudo aquilo que podem, não compreendem quase nada, não se importam com quase nada, não têm objetivos nem ambições onde a escola se encaixe de alguma forma e, muitas vezes, são adolescentes chatos e estressados. A gente os ama, mas nem todo o amor de um professor poderia nos cegar a ponto de negar que alguns (muitos) deles sejam realmente "péssimos alunos".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não que sejam culpados de algo, são antes vítimas que nem mesmo têm consciência do que lhes fizeram, mas são vítimas que perigosamente passarão ao papel de algozes de outras vítimas em um futuro não muito distante. Esse é o poder e a desgraça da Educação: ela molda carácteres, forma pessoas para o mundo e pincela o esboço do quadro daquilo que seremos no futuro... Para o bem, ou para o mal, ela pode libertar ou agrilhoar, trazer à luz ou imergir nas trevas e, quer queiramos ou não, cada um de nós é um tijolo desse portal ou desse muro.<br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S8MQqZ0AFMI/AAAAAAAAAts/rGra4unsmaI/s1600/gerapc.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="255" src="http://3.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S8MQqZ0AFMI/AAAAAAAAAts/rGra4unsmaI/s400/gerapc.gif" width="400" /></a></div><div style="text-align: justify;">Nessa semana passada vivenciei uma cena meio <i>démodé</i>: um aluno do terceiro colegial que, após conseguir a façanha de obter nota 1,5 em uma prova "realmente fácil", e que valia 10, sacou do fundo de sua insatisfação a estratégia de "<i>transferência de responsabilidade</i>", questionando se o fato dele e de vários outros colegas terem obtidos resultados muito ruins não significava que, na verdade, o problema era "meu" e não "deles".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S8Mg1913xkI/AAAAAAAAAuE/6eXcLmczwak/s1600/culpado.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S8Mg1913xkI/AAAAAAAAAuE/6eXcLmczwak/s200/culpado.jpg" width="185" /></a></div><div style="text-align: justify;">O garoto quase acertou: o problema é mesmo meu, mas também é dele, dos seus pais, de todos os professores que ele já teve e, muito em breve (ele já está terminado o colegial!) também será de todos aqueles que acham que a Educação é problema apenas da escola, mas que viverão no mesmo mundo desse meu aluno e de seus amigos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A incapacidade de ler, escrever e fazer operações aritméticas básicas é chocante, mas nem de longe preocupa tanto quanto a trágica incapacidade de aprender a aprender com que moldaram toda uma geração "<i>Copy & Past</i>". E olha que não estou falando do uso do computador e da internet não, estou falando de <i>copiar da lousa e colar no caderno</i> para dizer mais tarde que "tem a matéria" e "aprendeu aquele conteúdo", e depois, reproduzir em provas exatamente aquilo que copiou (razão pela qual inventaram a "cola"). E, por fim, acabar por acreditar que qualquer coisa diferente disso é um "erro" do professor que "não consegue fazer o aluno tirar boas notas".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Curiosamente, boas notas também não são coisas importantes para a maioria desses alunos. Muitos conseguem boas notas sem nenhum esforço e outros se conformam com o fato de que, independentemente de terem ou não boas notas, serão empurrados adiante de qualquer forma e acabarão equiparados aos demais. Parece até democrático que os alunos sejam "homogeneizados pelo processo" e caminhem todos juntos rumo aos seus certificados, mas seria verdadeiramente libertário se eles <i>caminhassem de fato</i>, ao invés de serem apenas carregados e depois jogados fora da escola, embrulhados (literalmente) por um certificado que não tem nenhum valor e com seus destinos traçados para virarem mão de obra barata e estatística favorável para esconder um sistema de ensino falido.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S8Mdhr0MuBI/AAAAAAAAAt8/3ITGOMYLfIU/s1600/cadeia.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="133" src="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S8Mdhr0MuBI/AAAAAAAAAt8/3ITGOMYLfIU/s200/cadeia.jpg" width="200" /></a>Evidentemente eu não me zanguei com o aluno e sua aparente rebeldia e falta de polidez, e nem poderia. Se ele soubesse porque tem notas tão ruins, e fosse capaz de aprender a aprender sozinho, ele certamente não precisaria de mim para ajudá-lo. Se seus amigos também se tornassem capazes de sonhar com dias melhores, traçar objetivos para o futuro e fazer análises sobre as causas que os desmotivam, então além de não precisarem de mim para ajudá-los a aprenderem a construirem um futuro melhor para todos, também nos livraríamos, enfim, de políticos estúpidos que acreditam que para construir estradas precisam demolir escolas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Enfim, a escola liberta, mas os passáros nascidos e criados em gaiolas temem mais o céu do que as grades que lhes acolhem. Por mais absurdo que pareça, cabe a nós, professores, empurrá-los na marra para fora dessa prisão.</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-14843568387733512342010-03-28T02:01:00.000-03:002010-03-28T02:01:58.567-03:00Quando todos estão errados, alguém precisa fazer a coisa certa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S67idCvSStI/AAAAAAAAArE/AnE8YQPgI6E/s1600/profcarregapolicial.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="133" src="http://3.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S67idCvSStI/AAAAAAAAArE/AnE8YQPgI6E/s200/profcarregapolicial.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Publiquei diretamente <a href="http://www.profjc.net/">no meu site</a> um artigo intitulado "<i>Quando todos estão errados, alguém precisa fazer a coisa certa</i>" discutindo a greve dos professores e a polêmica foto do professor carregando o soldado machucado durante a manifetação de 26/03/2010 nas imediações do Palácio do Bandeirantes. Também há outras imagens bastante simbólicas ao longo do artigo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Convido à todos para a leitura e reflexão.</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-30440400366767368952010-03-24T01:47:00.002-03:002010-03-24T01:53:00.168-03:00E, enfim... Estamos em greve!<div style="text-align: justify;">Parece que meu post de ontem "teve poderes místicos". Entramos em greve. :)</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S6mWkI_k-iI/AAAAAAAAAqk/01uKHDTPXsg/s1600-h/bruxaria.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S6mWkI_k-iI/AAAAAAAAAqk/01uKHDTPXsg/s320/bruxaria.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;">A partir de hoje, 24/03, e até que decidamos encerrar nossa greve ou voltarmos individualmente ao trabalho, para todos os efeitos, a quase totalidade do corpo docente da nossa escola decidiu aderir à greve conjuntamente. As razões podem ser individuais e as mais variadas, mas desconfio que uma boa parcela da motivação para entrar nessa greve deva ter sido dada pelo nosso amado Secretário da Educação, o Sr. Paulo Renato, e o conjunto de malvadezas que o governo Serra vem promovendo na educação paulista.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S6mQNZvZgVI/AAAAAAAAAqc/CBuDhpjeKV4/s1600-h/paulorenatosouza.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S6mQNZvZgVI/AAAAAAAAAqc/CBuDhpjeKV4/s200/paulorenatosouza.jpg" width="192" /></a>Desde o início da greve nosso secretário vem batendo nos grevistas em todas as entrevistas, insistindo que a greve não tem mais do que 1% de adesão e que está sendo motivada "apenas" por razões políticas (como já discuti no post anterior). Por razões didáticas talvez queiramos ensinar o nosso Secretário a contar usando números maiores do que "1". Que tal 50%, 60% ou mesmo 80%?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Além disso, e da "pauta de reivindicações" (deveras esdrúxula, devo concordar), parece que outras provocações ocorreram: como barrar, ainda na estrada, os ônibus dos professores que foram à São Paulo na última manifestação e intensificar uma campanha publicitária (que deve ter custado baratinho baratinho) mostrando todas as glórias obtidas na educação paulista, como se todos devêssemos estar contentes e satisfeitos; ou a proibição de que as escolas divulguem o número de grevistas para os jornais, ou a ameaça de "prejudicar o bônus" dos professores grevistas, etc., etc. Razões muitas ele tem dado (nem parece que é do mesmo partido que o Serra - mas não se iludam, ele é).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ou talvez, ainda, tenha alguma relação com o fato de que as "supostas melhoras" apontadas no Saresp e divulgadas recentemente (e que foram, na verdade, ridículas) devam-se unicamente ao brilhantismo da Secretaria de Educação que, ao que parece, decidiu criar leis que proibem professores de ficarem doentes (e por isso agora eles não faltam mais ao serviço), "implantou um currículo" (como se não houvesse currículo nas escolas paulistas nos 14 anos anteriores de governo do PSDB!!! Que vergonha...) e distribuiu apostilinhas para "encinar" (sic sic sic!!!) os professores a darem aulas... E seguem-se ainda um número absurdo de outras barbaridades e malvadezas que não terei estômago para listar aqui.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Enfim, acho que nosso secretário acabou conseguindo o que queria (???) e irritou ainda mais os professores. Ou talvez o "gado" tenha percebido que tem força e está em maior número, e esteja enfim se insurgindo, sob os auspícios encorajadores de um ano eleitoral - mas ainda assim não deixa de ser uma boa notícia. De qualquer forma, estamos em greve também.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Como a imensa maioria dos professores da nossa escola aderiu à greve de uma única vez, hoje, e pelo resto da semana, pelo menos, não deveremos ter aulas, pois é impossível substituir a quase totalidade do corpo docente da escola por professores eventuais (que, aliás, são raros, ainda que não sejam caros). Além disso, os poucos professores que não puderam aderir à greve por razões pessoais e justificáveis, não deverão ter alunos, já que estes e seus familiares, na nossa escola, historicamente têm apoiado o corpo docente nesses movimentos reivindicatórios.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">No meu site (<a href="http://www.profjc.net/">Cantinho do Prof. JC</a>) dou mais algumas informações específicas aos meus alunos sobre como proceder em relação às minhas aulas, mas aproveito para adiantar aqui que enquanto meus colegas da escola estiverem decididos a manterem essa greve, meu propósito e estar ao lado deles.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tenho também a impressão de que o movimento grevista está ganhando força ao invés de perdê-la, e que todo escárnio com que os professores têm sido tratados está servindo como um bom fermento. Por isso creio que em muito breve a grande mídia (aquela que tem seus contratos milionários com o governo) acabará tendo que noticiar esse crescimento.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por fim, embora eu continue duvidando que essa greve vá para além do dia 31/03 (quando o governador José Serra se descompatibilizará, entregando o governo para seu vice), eu gostaria muito de vê-la indo até o limite em que algumas das reivindicações (principalmente as salariais) fossem negociadas em bons termos. Ainda que sem muita esperança, vou ficar na torcida para que a facção pelega do sindicato não se ajoelhe antes da hora.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Aguardemos as novidades...</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-27891499857965535682010-03-23T03:07:00.000-03:002010-03-23T03:07:15.726-03:00A greve e a escola paulista: uma redundância<div style="text-align: justify;">Este é um comentário que deve gerar prós e contras (coisa rara nos meus blogs - excessivamente pasteurizados), mas eu não poderia deixar passar em branco esse momento histórico. Falo da greve do sindicato, da greve da escola e da greve do governo paulista.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S6hN7aAJbjI/AAAAAAAAAqE/cRluISl98zE/s1600-h/greve-professores.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="http://1.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S6hN7aAJbjI/AAAAAAAAAqE/cRluISl98zE/s400/greve-professores.jpg" width="400" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) decretou greve em 08/03. Uma greve sobre a qual ninguém me consultou antes (e nem depois). Vai ver deve ser porque para o sindicato eu não tenho mesmo nenhuma importância como professor, ou porque deva existir muitos professores mais competentes no sidicado para decidirem por mim o meu destino sem prévia consulta. Aliás, também é isso que todos os governos fazem, não é? Depois de eleitos eles decidem os nossos destinos porque se dizem possuidores da "legitimação das urnas", tanto quanto os sindicalistas se dizem possuidores também de tais poderes. De qualquer maneira, não fui consultado.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Greve na Educação nunca surtiu muito resultado, nem mesmo nos tempos em que o sindicato era realmente representativo e tinha respaldo. Tanto isso é verdade que temos um governo que está em greve há quinze anos (esse é o tempo que os tucanos estão recebendo salários sem trabalhar, segundo a concepção tucana da ex-secretária de educação de São Paulo, Rose Neubauer, e do secretário atual, Paulo Renato, para quem é preciso valorizar o mérito - e que mérito há em um governo que há quinze anos só tem piorado a educação paulista?) e, apesar da greve do governo, as escolas continuam funcionando (bem mal, é verdade, mas funcionam).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S6hONNUbFzI/AAAAAAAAAqM/MlSPAEZBPNM/s1600-h/Serra_caricatura_matematica_atual.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="342" src="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S6hONNUbFzI/AAAAAAAAAqM/MlSPAEZBPNM/s400/Serra_caricatura_matematica_atual.jpg" width="400" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A grande mídia, que assinou com o governo contratos gordos no ano passado (e anteriores), se um dia fez jornalismo, esqueceu-se como se fazia. Com exceção da publicação de "notas oficiais" e de "artigos de opinião" assinados por indivíduos cuja opinião costuma vir pautada por suas relações com o governo, raramente se deu ao trabalho de fazer um jornalismo investigativo sobre a situação da educação paulista. Então ficamos entre informações do tipo "Apeoesp diz que 63% dos professores estão em greve" e "Secretário da Educação diz que apenas 1%" dos professores estão em greve. Você escolhe se quer fazer uma média aritmética ou se arrisca seu próprio palpite.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">No entanto, ainda que apenas 1% dos professores estivessem em greve, e que isso representasse apenas 1% dos alunos sendo prejudicados (algo na casa dos 50.000 alunos!), será que esse seria um "prejuízo menor" que o Secretário de Educação e o Governador poderiam simplesmente desprezar?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S6hXI8l64-I/AAAAAAAAAqU/rOOd-WmAjDk/s1600-h/cartaz_greve.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S6hXI8l64-I/AAAAAAAAAqU/rOOd-WmAjDk/s320/cartaz_greve.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;">O governo tem o descaramento de sugerir que os professores, os alunos e a sociedade estão satisfeitos com as condições com as quais sobrevivem os professores e as escolas e que, portanto, essa é uma greve apenas política. Oras, toda greve é política e se "ser político" for assim tão mal, como o senhor Governador e o senhor Secretário se definiriam? Artistas talvez? Por outro lado o sindicato diz estar defendendo os interesses da categoria, mas de qual categoria ele fala? Na pauta de reinvindicações só faltou pedir máquina de café capuccino "free", como as que se encontra nos corredores da Secretaria de Educação, e eu não duvido nada que essa greve tem data certa para acabar: 31/03/2010 - quando o Serra se descompatibilizar oficialmente e deixar de responder pelo governo de São Paulo. E eu, que não tenho capucino free e nem faço paralizações na colônica de férias da Apeoesp é que sou obrigado a levar tijolada?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Aqui, na minha escola, até semana passada me parece que tínhamos 0% de grevistas. Mas há outras onde há realmente 100% de paralisação. Porque tanta diferença? Seríamos nós, daqui da minha escola, tucanos entreguistas, alienados, descompromissados e traidores da nossa "categoria"? E na escola 100% paralisada, teríamos lá uma concentração de petistas xiitas da CUT com especialização em terrorismo em Cuba? Se deixássemos isso para a mídia decidir ou para a presidenta da Apeoesp e o Secretário de Educação, resolverem, provavelmente essas seriam as conclusões.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A verdade é que me parece que as opiniões divergem muito quando se trata de posicionamento político e, principalmente, político-partidário. Não deixamos de entrar nessa greve, até agora, por razões político-partidárias e nem porque somos alienados, mas simplesmente porque não queremos servir apenas de massa de manobra, nem para o Secretário, nem para o Sindicato. Prezamos a categoria, lutamos por nossos direitos e respeitamos os nossos alunos (que são, verdadeiramente, os únicos que merecem nosso respeito). Não acreditamos em ambos, sindicato ou governador, e toda essa "descrença" é fruto de um longo aprendizado... E pelo menos para isso a escola nos serviu nesses anos decadentes de tucanato.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Semana passada recebemos o comando de greve local, que veio com um ônibus inteiro nos visitar. Nos ofenderam um pouco, mas estamos acostumados e sabemos relevar. Continuamos sem explicações minimamente convincentes e com a impressão de que "não temos reais motivos para aderir a ESSA greve". Mas é claro que podemos mudar de opinião e, na verdade, eu mesmo adoraria ter participado de várias greves que o sindicato deixou "passar em branco" (porque será?) na época em que elas fariam todo o sentido. Há bem pouco, tendendo a quase nada, do que foi feito por esse governo que mereça algum aplauso. E menos ainda que tenha sido feito pela Apeoesp.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nesta semana talvez entremos em greve, talvez não. A decisão é nossa, não é do sindicato e nem do governador. Mas se entrarmos não será apenas para marcar um pontinho inútil para um sidicato que só enxerga o seu próprio umbigo político, e se não entrarmos não será porque achamos que o governo Serra (e seus antecessores tucanos) tenha merecido os seus salários. Na verdade seria muito bom poder nos livrar dos dois, sindicato e tucanos, e optar por uma terceira via... Mas aí somos sempre pisoteados nas urnas das eleições governamentais e das eleições sindicais.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">De qualquer forma, quinta-feira sai o "bônus" dos professores. Desconfio que teremos então um motivo a mais para essa e outras greves. :)</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-57466381272756610832010-03-06T05:43:00.007-03:002010-03-08T10:15:59.240-03:00Taylor, Ford, Fayol e os canudinhos divertidos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S5INv5oou-I/AAAAAAAAAp0/NRGwF6qzi-c/s1600-h/tempos-modernos01.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="151" src="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S5INv5oou-I/AAAAAAAAAp0/NRGwF6qzi-c/s200/tempos-modernos01.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Nessa semana que está acabando tive que fazer um realinhamento de cronograma entre as minhas turmas, pois começaram em semanas diferentes. Realinhar cronograma é fundamental para se poder trabalhar "fasado" e poder aplicar as teorias de Taylor, Ford e Fayol na Educação. Claro, eles não tem nada a ver com a educação, mas como tem muita gente mandando na educação que também parece nunca ter entrada em uma sala de aula "normal" para lecionar, nada mais justo do que citar esses grandes pensadores da era do capitalismo industrial no contexto da nossa escolinha.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Taylor, Ford e Fayol são ícones da fase industrial do capitalismo. Eles estudaram e produziram muitas inovações nos "métodos de produção" objetivando aumentar a produtividade das fábricas por meio da padronização, da mecanização e da especialização de tarefas. Essas coisas são completamente desconhecidas no âmbito da escola, especialmente a pública, onde tudo se faz pelo improviso, e nem são posições teóricas modernas, mas aplicam-se ao contexto escolar quando temos que trabalhar com várias turmas e com muitos alunos por turma.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Esquecendo um pouco as teorias da administração e passando rapidamente para a pedagogia do arroz-com-feijão, convenhamos, alunos adoram uma boa diversão! Esse foi o mote para as aulas iniciais sobre eletricidade. Brincamos com canundinhos!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Com um Kit Básico (ainda vou escrever um artigo sobre o "Kit básico do professor pobre da escola pública"!) contendo canudinhos plásticos de refrigerante e um rolo de toalhas de papel é possível explicar desde as orígens da eletriciade (âmbar, gregos.. lembra-se?) até conceitos complexos, como a dependência da força elétrica com o inverso do quadrado da distância entre as cargas, os campos elétricos e o princípio da indução eletrostática. Ufa! Um viva aos canudinhos!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S5IVTE0fWUI/AAAAAAAAAp8/2svVZsZPRug/s1600-h/canudopapel.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S5IVTE0fWUI/AAAAAAAAAp8/2svVZsZPRug/s200/canudopapel.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Com um pequeno investimento no valor de uma hora-aula (sim, temos que tirar dinheirinho do bolso para trabalhar, mas já estamos acostumados... deixa prá lá, os políticos vão bem, obrigado) pode-se adquirir esse kit básico. Mas cuidado! É preciso escolher bem os canudinhos (eles têm que ser finos para funcionarem bem) e comprar um "pacotão", pois a intenção dessas aulas não é demonstrar alguns fenômenos elétricos e sim fazer com que o aluno vivencie esses fenômenos e, literalmente, sinta na pele o poder da força elétrica; razão pela qual cada aluno deve receber dois canudinhos e uma folha de papel toalha.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O procedimento é simples: atrita-se um canudinho com o papel toalha e pronto! (Ah, que pena, eu não vou poder dar uma oficina de uso de canudinhos agora). O canudinho eletrizado nos permitirá demonstrar uma infinidade de fenômenos elétricos e servirá de base para várias retomadas teóricas quando formos tratar dos diversos temas do currículo ao longo do ano. Algo realmente simples e muito poderoso.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S5INO1pDbVI/AAAAAAAAAps/zqv67fgvS24/s1600-h/DSC00225.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S5INO1pDbVI/AAAAAAAAAps/zqv67fgvS24/s200/DSC00225.JPG" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">O resultado é sempre o mesmo: alunos felizes se divertindo com os canudinhos, grudando-os nas paredes, puxando os cabelos dos colegas, fazendo várias experiências "inimagináveis" e despenjando um caminhão de perguntas do tipo: porque gruda em tudo? É como um ímã? Quanto tempo vai ficar grudado na parede? E por ai vai...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Isso é mais ou menos o sonho de todo teórico da pedagogia, não é? Quem não quer ter alunos envolvidos, fazendo experimentos por conta própria, elaborando perguntas, tentando explicações, etc.? </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Evidentemente eu gostaria muito de dispor também de um gerador de Van der Graff, mas se já tenho que abrir mão de 12,5% do meu salário (referente às aulas em que a atividade se dá) só para poder comprar canudinhos baratos e papel toalha vagabundo, imagine o rombo orçamentário que eu teria para adquirir um gerador desses? E nem pense em fazer um você mesmo porque isso demanda um tempão e nem sempre funciona lá muito bem quando é "feito em casa".</div><div style="text-align: justify;"><br />
O fato é que os terceiros anos ficaram felizes e minha programação também, pois agora posso passar rapidamente pelos processos de eletrização, indo até o conceito de campo elétrico, tendo como parâmetro a própria experiência vivenciada pelos alunos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Já o primeiro ano teve aulas mais teóricas, mas ganhou um filminho curto projetado com o datashow entremeio mapas conceituais. Eles não sabem ainda, mas logo logo vão ter uma sessão de desenho animado com o Papa-Léguas. :)</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Enfim, é preciso fazer alguma mágica para ensinar alguma coisa para os alunos no tempo miseravelmente curto de que dispomos (Fala sério! Com duas aulas de física semanais + burocracia estúpida para preencher + feriados emendados pelo patrão + tempo de dedicação a problemas do aluno que não dizem respeito à disciplina + etc. + etc. + etc... Quem consegue tempo, eu disse TEMPO, para oferecer um pouquinho de conhecimento a mais para os coitados dos alunos? Tem professor que até fica nervoso quando o aluno faz perguntas porque ele, professor, sabe que não tem tempo e não sabe que o pouco tempo que tem é para justamente atender ao aluno e não apenas a um currículo falsificado). Deixa pra lá...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Semana que vem tem mais. Agora os terceiros anos vão ter que "aprender a usar o livro didático" (sim, temos que ensinar isso também) e terão algumas explicações teóricas baseadas na vivência da atividade que fizeram sobre os processos de eletrização, além de adquirirem a terminologia necessária para o resto das aulas. Talvez sobre tempo para dar um pulinho no nosso laboratório improvisado para conhecerem o multímetro. Quem sabe...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Já o primeiro ano vai passar por uma tortura horrível! Os pequeninos verão que na física é preciso fazer contas de adição, subtração, multiplicação e da temida "divisão que dá número quebrado" (sic sic sic - tô fora dos números quebrados!).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">De resto a escolinha caminha bem. Alunos cada ano mais envolvidos e "pacíficos". Claro, tem sempre uns mais animadinhos, mas no funbdo são eles que tornam a vida mais interessante.</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-44427358702549325752010-02-28T16:22:00.001-03:002010-02-28T16:24:33.645-03:00Resultados preliminares do SARESP<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S4rCU8Em_AI/AAAAAAAAApM/YzudA-Rx1vE/s1600-h/saresp.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="129" src="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S4rCU8Em_AI/AAAAAAAAApM/YzudA-Rx1vE/s200/saresp.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Os resultados preliminares do SARESP 2009 foram divulgados ontem pela SEE. Veja um breve comentários meu sobre esses resultados e os impactos dele no Ensino Médio em matéria publicada no <a href="http://profjc.net/joomla15/News/Professores/SARESP-2009-Primeiros-resultados.html">meu site</a>.</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-39649351960952714762010-02-25T01:12:00.000-03:002010-02-25T01:12:34.917-03:00Primeira semana divertida<div style="text-align: justify;">Pronto! Terminei a primeira semana de aulas do ano. Confesso que foi muito divertido.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S4Xv-EPfiSI/AAAAAAAAAos/6BI3TTdoG5g/s1600-h/cafebule.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S4Xv-EPfiSI/AAAAAAAAAos/6BI3TTdoG5g/s200/cafebule.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Fato: não temos mais café na sala dos professores. Até então, como em infinitas outras escolas, tínhamos que fazer uma vaquinha para comprar café, açúcar, coador e água. O pessoal da cozinha ou da cantina passava o café, sempre com pouquíssima vontade, e o resultado era invariavelmente um "chafé" desgraçado de ruim. E todos, pagantes e não-pagantes, viviam felizes para sempre tomando seu cafezinho (e seu chazinho, que também desapareceu embora nunca fosse citado como parte do "pacote"). Agora, sem café, nem mesmo as "bolachas pedagógicas", aquelas bolachas horríveis que distribuem para os alunos na merenda, vêm para a sala do professores.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Já houve muitas sugestões alternativas para que tivéssemos nosso cafezinho sem ter que fazermos uma penosa e inadiministrável vaquinha, mas todas foram barradas até agora, mesmo as sugestões que poderiam dar certo. Porque? Me perguntei durante um longo tempo qual seria o motivo que forçaria uma única solução possível: continuarmos a fazer vaquinha e perdermos horas em discussões inúteis sobre como cobrar de cada um, quem encarregar para fazer as cobranças, o que fazer com os não pagantes que tomam o café do mesmo jeito, etc. (Quanta besteira! E todo esse besteirol é discutido em reuniões pedagógicas). Acho que descobri a resposta...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Fornecer café aos professores, por qualquer fonte de recursos que não provenha deles mesmo, é visto como "desvio de conduta e de recursos". Ou seja, eu como professor posso (na verdade sou obrigado) pagar meu próprio café, mas não posso doar dinheiro para a escola para que a escola sirva café para os professores. Uma vez que o dinheiro seja associado à escola ele jamais pode ser desviado para "pagar mordomias aos professores". Eu sei que soa estranho, mas é exatamente isso!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Se você visitar a Secretaria de Educação vai encontrar uma ou duas máquinas de café em cada corredor. Em todas elas o café, o capuccino, o leitinho ou o chocalate quente são servidos gratuitamente com o apertar de um botão, seja você um funcionário ou um visitante. Aliás, a água é mineral e também é "free". Quem será que faz vaquinha para pagar isso? Não importa, nas escolas nada pode ser servido aos professores senão água da torneira. Qualquer outro "agradinho" soará como corrupção, desvio de verbas, etc.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S4X3Lq5dHFI/AAAAAAAAApE/IfPYz5qxMFM/s1600-h/panetonearruda.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="http://3.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S4X3Lq5dHFI/AAAAAAAAApE/IfPYz5qxMFM/s200/panetonearruda.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Que falta nos faz um Arruda para distribuir panetones...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Até aí tudo se parece apenas com um problema menor, talvez apenas uma implicância minha. Afinal, para que professores precisam de café, bolachas horríveis ou outras "mordomias"? Além do que, nem se compara a importância de um mero professor com um transeunte da Secretaria de Educação, confere?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas vamos um pouco além... O giz que usamos é uma porcaria. Destroi a mão, quebra à toa, não fixa direito na lousa esburacada e é quase sempre apenas branco. O gis colorido, quando existe, é de péssima qualidade e vem em uns tons pastéis que não colorem coisa alguma. Se você quiser outro, compre. O mesmo vale para o apagador, que invariavelmente não apaga nada e só faz "meleca" e esparrama pó para todo lado. Se não gostou, compre o seu.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Provas e listas de exercícios... Hum... O aluno tem que copiar no caderno dele porque se você quiser distribuir cópias impressas terá que pagar o xerox ou a impressão. E não pode pedir dinheiro para os alunos, nem tem verba na escola para bancar esse "desperdício de recursos".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S4X2ecyNCmI/AAAAAAAAAo8/jP_I7D8XiqI/s1600-h/fascismo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S4X2ecyNCmI/AAAAAAAAAo8/jP_I7D8XiqI/s200/fascismo.jpg" width="146" /></a></div><div style="text-align: justify;">Aos poucos eu vou notando que desde as pequenas coisas, como um gasto de cerca de R$ 300,00 para fornecer café e chá com bolacha pedagógica para todo o corpo docente durante o ano todo, até coisas muito mais relevantes, como dispor de materiais impressos gerados pelo próprio corpo docente para apoiar o processo de ensino e aprendizagem, absolutamente tudo onde o professor "põe a sua mão suja de giz", precisa ser bancado pelo próprio professor ou caracteriza uso indevido do dinheiro público (mesmo que não seja público!). De onde veio essa cultura facista que trata o corpo docente como pária de um sistema falido e hipócrita? Porque todos aceitam isso com tamanha naturalidade a ponto de se orgulharem de ter comprado um apagador novo, de trazer seu próprio giz colorido ou de pagarem o xerox das provas dos seus alunos?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Deixando de lado o café requentado, nessa primeira semana já deu para perceber que alguns professores se estressam fácil e outros têm o dom da vidência e já sabem até quais alunos irão reprovar daqui há dez meses! Ou seria somente mais um aspecto do charlatanismo pedagógico que habita as reuniões de HTPC?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S4XwLSqBm8I/AAAAAAAAAo0/8feWG7ZeqPQ/s1600-h/SalvadorDali.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/S4XwLSqBm8I/AAAAAAAAAo0/8feWG7ZeqPQ/s200/SalvadorDali.jpg" width="147" /></a></div><div style="text-align: justify;">Fulano tem que mudar de classe porque está convesando com ciclano; aquela menina não pára de falar com a coleguinha de trás; aquele menino de topete moicano não tem educação nem respeito e conversa durante a aula toda... Enquanto isso quase ninguém se entende em meio a uma reunião onde todos falam ao mesmo tempo, riem, fazem piadinhas e se incomodam quando a coordenação berra para tentar ser ouvida. Nem Dali, em seus momentos de insanidade, seria capaz de retratar essa cena típica de HTPC. Nessas horas eu tenho saudades da tranquilidade da sala de aula.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E por falar em salas de aula, conheci enfim todas as minhas cinco salas. A última foi o primeiro ano do noturno. Classe legal, cheia de alunos falantes que tem um bom potencial para virem a ser participantes animados e me impedirem de cair no marasmo das aulas monotônicas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Já os terceiro da manhã são o sonho do professor que quer tranquilidade. Com uma média de 27 alunos por sala dá até para tirar uma soneca. O que salvou minha aula de hoje cedo em um desses terceiro foi um besouro providencial que resolveu entrar na sala e dar vôos rasantes que mantiveram os pequeninos acordados por alguns minutos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Resumindo, tenho cinco salas ótimas e recheadas com um universo multicolorido de alunos de todos os tipos. Tenho um ano inteiro para fazer alguns deles entenderem alguma coisa sobre física ou, pelo menos, decorarem qual a disciplina que leciono. Só não tenho mais o cafezinho da discórdia (a menos que eu leve de casa).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E la nave va...</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-22408510352495850072010-02-19T01:35:00.000-02:002010-02-19T01:35:40.331-02:00Reinício das aulas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://profjc.net/joomla15/images/stories/news/alunos/volta-as-aulas2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="155" src="http://profjc.net/joomla15/images/stories/news/alunos/volta-as-aulas2.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Atendendo a um único pedido de minha única leitora, vou tentar manter esse blog no ar por mais algum tempo. :) (Bom, pelo menos eu tenho uma leitora!)</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">As aulas na rede estadual paulista reiniciaram hoje, 18/02. Porque tão tarde? Não sei, mas se foi porque a Secretaria de Educação não conseguiu antes disso distribuir os materiais necessários (kits de material escolar e cadernos dos alunos com atividades curriculares - os "caderninhos"), então lamento informar que não funcionou. Estão faltando caderninhos de várias disciplinas, alguns só dão para algumas classes e, enfim, mais uma vez os alunos começam sem todo o material prometido pela SE.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">À propósito desse assunto, segue um trecho da entrevista do Secretário de Educação para o SP Chat fornecida em 10/02/2010 e disponível em vídeo (<a href="http://chat.saopaulo.sp.gov.br/?status=gravado&id=11">Entrevista com o Secretário da Educação Paulo Renato de Souza</a>) ou <a href="http://indigestoescolar.blogspot.com/2010/02/entrevista-com-paulo-renato.html">transcrita </a>(parcialmente):</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="background-color: #fff2cc; color: blue; text-align: justify;">quarta 10 de fevereiro de 2010 1:06 <br />
1:07 Ewerton da Silva <br />
São Paulo <br />
<br />
Sou estudante da rede estadual de ensino e moro no Itaim Paulista. Gostaria de saber a respeito do caderno do aluno: este ano ele vai chegar de acordo como o bimestre e com todas as disciplinas?<br />
<br />
<br />
<span style="background-color: #fff2cc; color: #38761d;">quarta 10 de fevereiro de 2010 1:10 </span><br />
<span style="background-color: #fff2cc; color: #38761d;"> 1:11 Paulo Renato Souza: Everton, nós estamos nos programando para isso. No ano passado, houve alguns atrasos, mas neste ano nós estamos trabalhando para que não ocorra nenhum atraso. Os Cadernos do Aluno são os grandes responsáveis pelas melhorias nas avaliações, do Saresp. Eu credito a melhoria ao currículo, aos cadernos que foram entregues.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">À propósito, se a intenção dos caderninhos incluia de alguma forma obrigar o professor a trabalhar em um ritmo mais acelerado, evitando que ele ficasse enrolando meses com um mesmo assunto do currículo, então o tiro saiu pela culatra e deve ter muita gente agradecendo por não ter "material" para dar aula. É curioso também que a suposta melhora nos resultados do Saresp se deva aos cadernos que foram entregues no ano passado, já que no ano passado eles poucos foram usados por terem sido entregues depois do "prazo de validade" (depois de terminado o bimestre letivo), mas se realmente foi assim, então basta deixá-los guardados em alguma salinha de tralhas e a mera existência deles deve dar conta dos problemas da educação, certo? Deixa prá lá...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Oficialmente declarou-se que o atraso no ano letivo se deve à "complexidade" da atribuição de aulas no início do ano (e ao Carnaval!!!). Ora bolas, com tanto professor querendo lecionar e disputando a unhas e dentes esse imenso salário, deve mesmo ser muito complexo atribuir as aulas no início do ano. Será que tem alguma relação com o fato da rede ter cerca de metade de seus professores não concursados?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Já com relação ao material didático do MEC... Bom, vamos descobrir na semana que vem se os alunos do ano anterior devolveram mesmo os livros (terceiros colegiais) e se o MEC repôs o material necessário. No ano passado faltou material: a escola disse que não era problema dela, a DE disse que não era problema dela e o MEC disse que não era problema dele. Então se o problema não é de ninguém é porque não deve ser problema e talvez os culpados sejam os alunos. Afinal eles existem e por causa dessa simples existência muita gente que gosta de ficar encostada se vê na necessidade de fingir melhor que trabalha. Então dá no que dá: um empurra para o outro e ninguém resolve nada.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Hoje só conheci meus dois terceiros anos do noturno. Já começaram me perguntando se iam sair mais cedo. :) Nada como alunos motivados! Mas para a tristeza deles quem saiu mais cedo fui eu, que só tinha quatro aulas. Àh, como é doce a vingança. :)</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">As duas classes onde fui hoje são bastante heterogêneas. Em uma delas parecem "calmos demais", muito passivos e talvez pouco produtivos. Veremos. Na outra parece que houve uma concentração de "atuantes" e "carentes de atenção" que querem disputar comigo seus cinco minutos de fama. Parece interessante...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Semana que vem conhecerei os dois terceiros da manhã e um primeiro noturno. Enquanto isso a "Nave Escola" continua à deriva e vamos tirando água com o baldinho.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Cabe reconhecer também que, conforme anunciado no site da Secretaria da Educação, o governo enviou mesmo tinta para pintarmos a escola. Não precisávamos de tinta, pois a escola estava muito bem conservada (mérito nosso - escola, comunidade e alunos - e não dos caderninhos), mas quem liga para as lousas esburacadas? Aliás, quem se preocupa em perguntar antes do que precisamos?</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-2195183456046389562009-12-19T22:02:00.003-02:002009-12-19T22:07:44.582-02:00Boas Festas!!!<div style="text-align: justify;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/Sy1pN-AcEmI/AAAAAAAAAnc/kuAllwJMq8o/s1600-h/boas-festas.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/Sy1pN-AcEmI/AAAAAAAAAnc/kuAllwJMq8o/s200/boas-festas.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;">Queridos e queridas, o ano acabou!<br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Após um ano relatando as trapalhadas, aventuras e desventuras de uma escola pública, eis que acaba a festa. A partir no ano que vem esse blog não existirá mais e, portanto, desculpo-me com os seus seguidores. No ano que vem outros blogs meus deverão continuar e talvez alguns novos aparecem, mas este aqui já cumpriu sua função e, com o ano velho, será página retirada da folhinha.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nessas últimas semanas as "profecias" dos posts anteriores se cumpriram letra a letra. Os alunos mais "queridinhos" foram aprovados, os mais "pentelhos" foram reprovados (pura vingança) e no ano que vem os mesmos discursos hipócritas sobre a educação, projetos, etc. etc., ocuparão a pauta das reuniões de início de ano. Ao longo do ano teremos as mesmas histórias (razão pela qual não pretendo contá-las duas vezes), os mesmos fracassos e algumas novas pequenas vitórias. No final, tudo terminará como sempre termina: em pizza pedagógica embalada pelo côro do "não dá nada não".<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Estou reduzindo minha carga horária para dez aulas semanais e espero que com isso contribua para a melhoria da qualidade do ensino paulista, dando espaço para os professores novos que estão ávidos por seguir essa carreira no magistério paulista, onde salários gigantescos são pagos aos professores e onde não faltam recursos e nem investimento.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Foi muito bom e divertido contar nesse blog um pouco do cotidiano de uma escola pública, mas infelizmente nem tudo pode ser dito e nem tudo deve ser dito. Essa é outra das razões pelas quais esse blog deve morrer.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Desejo à todos um Feliz Natal e um Ano Novo com muita saúde e felicidades.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Abraço,<br />
</div><div style="text-align: justify;">JC<br />
</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-37144530157397503042009-12-05T15:36:00.003-02:002009-12-05T15:47:02.427-02:00Dezembro, preguiça e empurra-empurra<div style="text-align: justify;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/SxqVRO_ntzI/AAAAAAAAAk8/pxJgREF_qGc/s1600-h/caderneta.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/SxqVRO_ntzI/AAAAAAAAAk8/pxJgREF_qGc/s400/caderneta.jpg" /></a>Tivemos uma semana curta, nesse início de dezembro, com direito a feriado local (aniversário da cidade) em plena sexta-feira. Os alunos, conforme todos sabem, já bateram em retirada. Aparecem alguns para entregar tarefas atrasadas ou tentar negociar alguma saída para o problema sem solução que criaram ao longo de um ano todo: falta de "nota".<br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;">É interessante perceber que o que se quer é sempre "nota", "aprovação" e "custo zero". Economicamente falando, esse é o princípio fundamental do capitalismo moderno: o maior lucro possível com o menor investimento e sob risco zero. A escola é moderna nesse sentido. Vejamos porque:<br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;">1 - As classes que temos são multisseriadas, como aquelas de escolas rurais em que os alunos de todas as séries estudam juntos sob os cuidados de uma única professora. A diferença aqui é que eles estão todos em uma mesma série e classe, embora uns poucos estejam na série correta e a maioria esteja com defasagem de um, dois, três ou até quatro anos (ou mais!) de defasagem em relação à aprendizagem. É óbvio que em um ambiente multisseriado onde os alunos são obrigados a terem um currículo igual para todos, as mesmas avaliações, as mesmas atividades e um tempo irrisório de contato individual com o professor, o resultado é que a nivelação é sempre feita por baixo. Se não se fizer isso teremos a aprovação apenas dos alunos que realmente deveriam estar nessa série, ou seja, algo em torno de 10 a 20% da sala;<br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;">2 - Os oito anos de progressão continuada que os alunos já vivenciaram no Ensino Fundamental já os educou para serem irresponsáveis, inconsequentes, desmotivados, desonestos e imaturos. Sem falar da óbvia falta de aprendizagem. Então não se pode esperar que no Ensino Medio iremos conseguir transformar em um, dois ou três anos, esse mesmo aluno em um aluno "idealizado pelos exames externos" (razão pela qual os resultados desses exames são tão ruins). Mas não foram só os alunos que foram educados para acreditarem que a escola não têm nenhuma importância em suas vidas... a escola também foi! A própria escola reconhece que a melhor forma de agir é empurrá-los adiante e deixar que eles resolvam seus problemas futuros a partir de alguma solução mágica que não dependa de suas próprias capacidades;<br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;">3 - Os diferentes níveis de gestão do Ensino também apostam suas fichas na teoria do "Grande Tapete", onde se vai empurrando toda a sujeira para debaixo desse tapete e faz-se de conta que está tudo bem. A Secretaria da Educação quer resultados para barganhar politicamente e instrui os órgãos vinculados a ela a criarem meios de produzir esses números isentando a própria Secretaria de qualquer responsabilidade. As DEs, que se parecem bastante com braços políticos-corporativistas, orientam supervisores e diretores a seguirem a cartilha recebida sem qualquer contestação ou adaptação e, por fim, estes repassam aos PCOPs e coordenadores das escolas as "ordens que receberam" e, então, esses últimos apenas levam e trazem os "recados" para os professores. O sistema é "perfeito" porque parece agradar à todos;<br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;">4 - Os recados que os professores recebem desses pombos-correios do sistema é sempre o mesmo: aprovação a qualquer custo. Nada contra, mesmo porque seria ridículo reprovar um aluno em uma escola tão ruim. Até os pombos, que empesteiam as janelas das salas com seus excrementos, aprendem tanto quanto os alunos "assistindo nossas aulas" ao longo do ano; seria muito injusto reprová-los, os pombos, ou reprovar aos alunos que, pelo menos, usam o banheiro na maioria das vezes;<br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;">5 - Por fim, aqueles alunos que vieram à escola uma vez ou outra, e nem sequer cumpriram 75% da frequencia mínima exigida, arrumam atestadinhos, a escola dá as aulas por compensadas automaticamente e arredonda-se a nota, somando-se dois ou três pontos até ficar azul. Pronto! Estão aprovados! Só correm risco de reprovação aqueles que caírem em desgraça com a direção ou com alguns professores que gritam muito em reuniões; estes, coitados, por vezes até reprovam (hoje em dia é mais raro, mas acontece), embora tenham melhor desempenho do que os "queridinhos" dos professores e da direção.<br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;">No final das contas olha-se para os números, as "metas", apagam-se algumas notas aqui, mudam-se outras ali e todos ficam felizes porque o objetivo do sistema todo acaba sendo atingido: alunos sempre aprovados, professores recebendo bônus por "mérito", diretores e coordenadores também (e ainda ficam bem na foto junto com supervisores e dirigentes), dirigentes com cargos "de confiança" garantidos, órgãos vinculados que desempenharam seus papéis conforme lhes foi mandado e, por fim, políticos felizes com números "melhores" para apresentarem em suas campanhas políticas.<br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;">Enquanto isso, fora dessa escola, milhares de jovens chegam ao "mercado" e ao "mundo" analfabetos-funcionais, irresponsáveis, preguiçosos e à procura do milagre que lhes prometeram e que todos parecem acreditar que vai acontecer um dia para resolver o problema causado por toda essa infinidade de gentes que receberam salários e bônus, mas que não trabalharam como deveriam (como já dizia dona Rose Neubauer, uma que recebeu bastante como Secretária e trabalhou muito pouco - pelo menos se aplicarmos a ela o mesmo critério de "mérito pelos resultados obtidos" que se aplica aos professores).<br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;">Agora entramos na semana da burocracia, da papelada, das cadernetas inúteis com anotações falsificadas e destinadas ao lixo (que é o que elas merecem mesmo). Nessa semana dá-se graças à ausência dos alunos, pois assim pode-se cumprir esse ritual macabro de colocar "pinguinhos nos quadradinhos" e copiar subtítulos de livros didáticos na página de "Atividades desenvolvidas com os alunos". Aff! Como isso é irritante!<br />
</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-28000116385058218042009-11-29T02:09:00.003-02:002009-11-29T02:16:06.642-02:00Pronto, acabou!<div style="text-align: justify;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/SxH0TaLz8RI/AAAAAAAAAks/nHF0qdrjqXw/s1600/fim.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/_gNYfU58xDrY/SxH0TaLz8RI/AAAAAAAAAks/nHF0qdrjqXw/s320/fim.jpg" /></a>Terminei a sexta-feira, 27/11, às 22:30 e não às 23:00, como deveria ser, porque a direção achou por bem que os alunos já tinham assistido muitas aulas durante a semana. Não contabilizei o quórum das demais salas mas, a minha, como sempre (e exceto quando resolvem faltar coletivamente, como na semana passada) estava cheia. Mas, seja lá como for, acabou. Daqui para frente são só "dias letivos".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Agora a coordenação aguarda ansiosa as médias finais para o início da semana que vem porque a secretaria da escola não têm muito tempo e nem funcionários para digitar as notas na "Prodesp" (Prodesp = órgão místico ao qual aludem os funcionários da secretaria sempre que querem se desculpar de alguma coisa não feita ou quando querem que façamos algo "fora do padrão" para adiantar o serviço deles). Há meses temos uma plaquinha que passa grande parte do tempo pendurada na janelinha fechada da secretaria com os dizeres "Não estamos atendendo por falta de funcionários". Se a idéia pega logo logo teremos uma na porta da sala de aula dizendo "Não estamos ensinando por falta de salários" ou, outra em outra porta dizendo "Não estamos governando por excesso de otários". Enfim, as placas sempre indicam os caminhos e dão boas rimas.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tenho que fechar minhas notas com cinco semanas de aulas (desde que voltei), das quais perdemos pelo menos uma semana inteira entre feriados, saresps, excursões (de meia dúzia de alunos vão, mas param a escola toda) e "dispensas", como essas das sextas-feiras à noite. O fato é que em algumas salas eu pude dar umas três ou quatro aulas, em outras, cinco ou seis aulas, mas em nenhuma consegui dar as 10 aulas que "teoricamente" aconteceram nesse período e nem em sonho poderei dar as aulas das próximas semanas. Não participei de nenhuma reposição aos sábados e com isso perdi duas missas, uma caminhada e a oportunidade de pintar portões (aula mesmo não existe aos sábados), além de ter "faltas" computadas em meu nome como se eu realmente trabalhasse aos sábados para o Estado.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Infelizmente os meus subsitutos no período em que eu estava afastado não deixaram avaliações para compor com as minhas e isso quer dizer que devo espremer a nota dos meus alunos com base apenas nessas poucas aulas. Aliás, um dos substitutos não deixou nem mesmo as cadernetas das classes onde me substituiu. É isso mesmo, o sujeito levou as cadernetas embora e não as devolveu! E só faz cinco semanas! É no mínimo impressionante.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na semana que vem teremos apenas alguns alunos perdidos na escola em busca de "notas" e outros que vêm para bater papo. É claro que a escola também promoverá eventos esportivos e culturais que substituirão as aulas tradicionais e que, em um outro contexto, podem até ser boas oportunidades de aprendizagem para os alunos, mas ao fim e ao cabo o que todos parecem querer é apenas que as cortinas baixem e todos possam tirar suas máscaras em paz.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Li nos jornais (e se não fosse nos jornais eu não teria acreditado de tão estapafurdia que é a notícia) que o sindicato da categoria pretende fazer greve em fevereiro... Só se for greve de fome, né? Ainda bem que tudo termina bem e nada "dá nada não".<br />
</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-59829851008892749742009-11-22T02:08:00.001-02:002009-11-22T21:02:31.263-02:00A escola que acordou inseto<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="http://www.taticlaro.blogger.com.br/Na%20galera.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="126" src="http://www.taticlaro.blogger.com.br/Na%20galera.jpg" width="200" /></a>Semana de Saresp em pleno novembro é palco para todo tipo de festa. Mas a festa aqui já começou bem antes, em plena sexta-feira, 13/11, quando fui convidado a "subir uma aula" para um terceiro ano do noturno porque a classe não tinha professor e eu tinha as duas últimas aulas lá. Subi, e na hora do intervalo a classe foi dispensada pela direção porque seria a única sala a continuar tendo aula após o intervalo (onde já se viu apenas uma classe ser penalizada com aula!).<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na terça-feira "fiquei cumprindo horário à noite" porque os terceiros anos estavam fazendo Saresp. Já na quarta-feira, 18/11, fui solicitado para "dar aula em uma sala onde não leciono" no período da manhã por falta de professor e de eventual. Na quinta fiquei novamente duas aulas de bobeira no período da manhã, enquanto os terceiros faziam a prova do Saresp.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Aliás, "fazer prova do Saresp" é uma metonímia tresloucada para "vamu imbora pessoar!". Nenhum aluno leva essa p... prova a sério. Prova que, segundo os próprios alunos, "não serve para nada" e "só tem coisa que a gente nunca viu". De fato, o Saresp sempre foi, e esse ano também, uma prova conteudista, descontextualizada e que avalia conteúdos curriculares independentemente das realidades escolares locais; o que, traduzido para o bom português, significa: "prova que avalia o que o aluno deveria saber se ele estivesse em uma escola de verdade". Razão pela qual os resultados que ela estampa são tão ruins quanto parecem.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na sexta de manhã participei de altas negociações com os colegas do corpo docente para que eles pudessem completar os seus projetos, que exigia que os alunos participassem assistindo a uma peça de teatro, ou encenando-a, e para que eu pudesse "dar aula normalmente" para um segundo ano que quase não teve aula comigo desde que retornei de minha licença há um mês. E para fechar a sexta-feira, o terceiro ano do noturno que foi dispensado de uma aula minha na sexta-feira da semana passada (para não ser a única classe com aula na escola) resolveu dar o troco e faltar coletivamente, fazendo companhia para o resto da escola. Isso sim que é "equidade em seu maior e melhor estilo pedagógico".<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por fim, no sábado, a "reposição" foi marcada na igreja católica do bairro. É isso mesmo, vão à missa repor aulas. Infelizmente vão colocar "ausência total" na frente do meu nome no livro-ponto porque estou me recusando a participar dessa farsa chamada "reposição" desde que foi proposta, mas se eu não quisesse participar de uma missa católica (essa história de escola laica é só mais uma grande mentira) teria como alternativa ficar fazendo reparos na escola (dia de pintar o portão!). E porque não... Afinal, sou só um professor mesmo!<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="http://www.baixaki.com.br/imagens/wpapers/Vida_de_Inseto_010800.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="http://www.baixaki.com.br/imagens/wpapers/Vida_de_Inseto_010800.jpg" width="200" /></a>É engraçado como lendo tudo isso que eu relato aqui, eu mesmo me sinto como Josef K., aquele sujeito protagonista de "<i>A Metamorfose</i>", de Kafka. Imagino então o que os meus oito leitores não devem pensar. A "escola pública" (pelo menos "essa onde estou") é tão surreal que o mais psicodélico porra-louca dos idos de sessenta se sentiria "mó careta" se vivenciasse o que descrevo.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Curioso mesmo é ler os papers dos especialistas que tentam desvendar os mistérios da barata-pedagógica brasileira que nem Kafka seria capaz de imaginar. Também é curioso saber que esses especialistas recebem salários para isso há décadas, enquanto a escola só piora e barateia. Seriam eles insetos também?<br />
</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2509752053701358305.post-1940041668655587572009-11-17T01:15:00.005-02:002009-11-17T01:26:07.908-02:00A era do "Não tô nem aí"<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="http://www.neteducacao.com.br/portal_novo/?pg=exp_nota_dez/exp&cod=1046" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://profjc.net/joomla15/images/stories/news/geral/experiencianota10.jpg" /></a>Este post baseia-se no original que eu publiquei diretamente na seção de notícias no meu <a href="http://www.profjc.net/">portal</a>.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nessa segunda-feira acabou o prazo de votação no concurso "Experiencia nota 10" do site NET Educação, onde eu havia inscrito um dos projetos que desenvolvi no ano passado.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Perdemos feio! Mas aprendemos algo com isso.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Embora o concurso não tenha analisado os projetos, apenas os colocou em votação para o público, eu cheguei mesmo a pensar que teríamos alguma chance de ganhar, pois parte do prêmio era um datashow para a escola e para votar no projeto não custava nada, bastando acessar o site do concurso e votar. A única exigência era fazer antes um breve cadastro rápido e gratuito e depois de votar confirmar o CPF (o que exige do votante que ele tenha CPF e "elimina" a possibilidade de muitos estudantes que não têm CPF votarem).<br />
<br />
Eu divulguei o projeto na Internet, no meu site, no meu blog e em várias listas, fóruns e grupos de discussão dos quais participo. Além disso, avisei todos os meus alunos e coloquei nos corredores da escola diversos cartazes falando sobre o concurso, o prêmio, como votar e como acessar o site. Também comuniquei a gestão da escola, a coordenação, a secretaria e os colegas professores.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Bom, noves fora nada, o resultado foi que o meu projeto teve 24 votos e o projeto ganhador teve 884. Parabéns ao <a href="http://www.neteducacao.com.br/portal_novo/?pg=exp_nota_dez/exp&cod=1062">vencedor</a>! E, diga-se de passagem, o projeto vencedor é um belo projeto mesmo.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Resta então apenas uma breve reflexão sobre a origem desses 24 votos... De onde terão vindo?<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Entre meus amigos virtuais que disseram ter votado no meu projeto já dá para somar quase esse número. Na minha escola, entre professores, gestão e funcionários da secretaria, passamos tranquilamente desse número e, finalmente, entre meus alunos com CPF, e sem contar os demais alunos da escola para os quais não leciono, certamente teríamos muitos votos possíveis. Considerando ainda que divulguei o projeto na Internet para um público estimado de cerca de 30.000 pessoas da área de Educação, o retorno em votos foi algo como 0,001%. Nada mal!<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Por fim, tomando-se em conta que o projeto era realmente bom, a causa era justa e o custo de votar nele era nulo, acho que só resta uma boa explicação para essa absoluta falta de votos: <i><b>ninguém se importa</b></i>. Simples assim.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Mas porque será que ninguém se importa se a grande maioria, incluindo aí os "amigos engajados", os professores e gestores da escola e, principalmente, seus alunos, vira e mexe pousam de defensores da educação, amigos da escola, etc.?<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Eu vi também os resultados dos demais projetos e, com exceção do projeto ganhador e de um segundo projeto, também bastante votado, todos os demais naufragaram em cifras semelhantes ou piores que esses fatídicos 24 votos. Porque?<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">É compreensível que o Fulano de Tal que mora lá longe e nunca ouviu falar do autor, do projeto ou da escola, possa escolher o projeto em que votar pelo seu "gosto", mas o que dizer dos alunos, pais, professores e gestores da própria escola que concorria com o projeto?<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Porque as pessoas que deveriam se importar, não se importam? Onde erramos como sociedade, como comunidade e como grupo? Ou será que a época é mesmo "a era do <i>não tô nem aí</i>"?<br />
</div>Prof. JChttp://www.blogger.com/profile/14998962577059548706noreply@blogger.com0