Na quinta-feira da semana passada, 02/04, aconteceu a primeira rebelião pedagógica do ano em um dos meus terceiros colegiais. Eu não poderia deixar de contar aqui esse fato tão incomum e dar, é claro, a minha versão sobre ele. O espaço para comentários está aberto para quem tiver uma opinião diferente.
Tudo começou com o fato de que nesse ano os alunos receberam pela primeira vez, depois de mais de uma década, livros didáticos de Física. Aquilo que, de fato, é um imenso ganho pedagógico e nos possibilita ganhar em tempo, qualidade e eficiência, pelo menos do ponto de vista do professor, é para os alunos uma enorme dor de cabeça.
Ter um livro didático implica em também trazê-lo para a escola em todas as aulas, e isso já parece absurdo para muitos alunos. Na verdade, nem é tão incomum encontrarmos alunos que vêm para a escola e não trazem sequer um caderno e uma caneta. Parece absurdo, mas é assim mesmo que acontece às vezes. Isso deve-se ao fato de que para muitos desses alunos a escola tornou-se apenas e tão somente um Orkut Presencial, frase que cunhei em um comentário que fiz em um artigo publicado pela revista Seleções de março passado.
Mas não basta trazer o livro para a escola, é também necessário que o aluno utilize o livro em sua casa! Sim! Sim! Sim! O livro didático serve para estudar. E estudar é tudo o que muitos desses meninos e meninas não têm feito nos últimos dez anos. É claro que a culpa não é só deles, pois não tendo livros para estudar e, não sendo levados a estudar nas disciplinas que tinham livros, é natural que pareça estranho ter que ler, reler, estudar, fazer tarefas, resumos e anotações.
Pois bem, nessa quinta-feira fui surpreendido (?) com uma inusitada rebelião de alunos que, com toda razão, na visão deles, estão sendo obrigados a lerem e estudarem com seus livros. A queixa soa justa: o professor deveria primeiro explicar o texto e, somente depois, solicitar que os alunos fizessem algo a partir do texto. Na verdade o que eu tenho feito não é mesmo assim, pois primeiro os alunos são solicitados a lerem e estudar os textos, então devem tentar resolver os problemas e, depois disso, o professor faz observações sobre o texto, comenta os problemas, explica o assunto onde há mais dificuldade e resolve alguns problemas que os alunos não conseguiram resolver.
Isso parece muito estranho para os alunos, mas mais estranho ainda é imaginarmos que o método que eles julgam correto, e que foi usado extensivamente com eles no ensino fundamental sem obter resultados significativos, fosse empregado no dia a dia deles. Imagine que você vá a uma banca de revistas e compre uma revista, então o jornaleiro senta-se ao seu lado e lê a revista para você, explicando as notícias, e somente depois disso você estará habilitado a levar a revista para casa para lê-la sozinho. Não parece algo estranho? Pois é, e é assim mesmo que a escola tem feito em muitas oportunidades. O resultado obtido é uma massa de alunos que simplesmente não consegue ler um texto e obter alguma compreensão dele.
Se por um lado "parece injusto" querer agora, bem no Ensino Médio, quando os pequeninos já estão crescidinhos, querer que eles adquiram habilidades de leitura e compreensão, que lhes permitam mais autonomia de aprendizagem, por outro, a pergunta é: então devemos simplesmente cuspi-los da escola analfabetos-funcionais só porque hoje, em pleno Ensino Médio, eles se encontram nesse estado?
A rebelião que eu assisti, e que muitos professores também devem assistir em circunstâncias parecidas, é uma das provas fósseis mais significativas da ineficácia de um ensino baseado em "aulas expositivas de conteúdo", onde o professor literalmente "lê o livro para os alunos", resolve um ou dois problemas simples e propõe um dois problemas idênticos para que resolvam. Todos ficam felizes, e todos saem analfabetos da escola mais tarde.
Bom, eu sufoquei a rebelião. Fiz valer o pressuposto de que eu sei melhor do que meus alunos qual é a melhor metodologia a ser usada, mas confesso que fiquei triste. Eles são honestos em suas reinvidicações, estão ansiosos com as provas, sentem a enorme dificuldade que a leitura e o estudo representa para eles e, ao fim e ao cabo, tudo o que queriam é aquilo que a escola já vem dando a eles há mais de uma década: um ensino para macacos.
Ora bolas! Meus alunos não são macacos! Eles merecem mais do que se tornarem apenas números sem sentido em estatísticas aleijadas sobre a educação. Eles merecem muito mais e, pelo menos, merecem adquirir a capacidade de aprenderem com autonomia, indentificarem as próprias dificuldades e compreenderem os meios pelos quais podem superar essas dificuldades. Abaixo a rebelião! Avante a Educação!
Ter um livro didático implica em também trazê-lo para a escola em todas as aulas, e isso já parece absurdo para muitos alunos. Na verdade, nem é tão incomum encontrarmos alunos que vêm para a escola e não trazem sequer um caderno e uma caneta. Parece absurdo, mas é assim mesmo que acontece às vezes. Isso deve-se ao fato de que para muitos desses alunos a escola tornou-se apenas e tão somente um Orkut Presencial, frase que cunhei em um comentário que fiz em um artigo publicado pela revista Seleções de março passado.
Mas não basta trazer o livro para a escola, é também necessário que o aluno utilize o livro em sua casa! Sim! Sim! Sim! O livro didático serve para estudar. E estudar é tudo o que muitos desses meninos e meninas não têm feito nos últimos dez anos. É claro que a culpa não é só deles, pois não tendo livros para estudar e, não sendo levados a estudar nas disciplinas que tinham livros, é natural que pareça estranho ter que ler, reler, estudar, fazer tarefas, resumos e anotações.
Pois bem, nessa quinta-feira fui surpreendido (?) com uma inusitada rebelião de alunos que, com toda razão, na visão deles, estão sendo obrigados a lerem e estudarem com seus livros. A queixa soa justa: o professor deveria primeiro explicar o texto e, somente depois, solicitar que os alunos fizessem algo a partir do texto. Na verdade o que eu tenho feito não é mesmo assim, pois primeiro os alunos são solicitados a lerem e estudar os textos, então devem tentar resolver os problemas e, depois disso, o professor faz observações sobre o texto, comenta os problemas, explica o assunto onde há mais dificuldade e resolve alguns problemas que os alunos não conseguiram resolver.
Isso parece muito estranho para os alunos, mas mais estranho ainda é imaginarmos que o método que eles julgam correto, e que foi usado extensivamente com eles no ensino fundamental sem obter resultados significativos, fosse empregado no dia a dia deles. Imagine que você vá a uma banca de revistas e compre uma revista, então o jornaleiro senta-se ao seu lado e lê a revista para você, explicando as notícias, e somente depois disso você estará habilitado a levar a revista para casa para lê-la sozinho. Não parece algo estranho? Pois é, e é assim mesmo que a escola tem feito em muitas oportunidades. O resultado obtido é uma massa de alunos que simplesmente não consegue ler um texto e obter alguma compreensão dele.
Se por um lado "parece injusto" querer agora, bem no Ensino Médio, quando os pequeninos já estão crescidinhos, querer que eles adquiram habilidades de leitura e compreensão, que lhes permitam mais autonomia de aprendizagem, por outro, a pergunta é: então devemos simplesmente cuspi-los da escola analfabetos-funcionais só porque hoje, em pleno Ensino Médio, eles se encontram nesse estado?
A rebelião que eu assisti, e que muitos professores também devem assistir em circunstâncias parecidas, é uma das provas fósseis mais significativas da ineficácia de um ensino baseado em "aulas expositivas de conteúdo", onde o professor literalmente "lê o livro para os alunos", resolve um ou dois problemas simples e propõe um dois problemas idênticos para que resolvam. Todos ficam felizes, e todos saem analfabetos da escola mais tarde.
Bom, eu sufoquei a rebelião. Fiz valer o pressuposto de que eu sei melhor do que meus alunos qual é a melhor metodologia a ser usada, mas confesso que fiquei triste. Eles são honestos em suas reinvidicações, estão ansiosos com as provas, sentem a enorme dificuldade que a leitura e o estudo representa para eles e, ao fim e ao cabo, tudo o que queriam é aquilo que a escola já vem dando a eles há mais de uma década: um ensino para macacos.
Ora bolas! Meus alunos não são macacos! Eles merecem mais do que se tornarem apenas números sem sentido em estatísticas aleijadas sobre a educação. Eles merecem muito mais e, pelo menos, merecem adquirir a capacidade de aprenderem com autonomia, indentificarem as próprias dificuldades e compreenderem os meios pelos quais podem superar essas dificuldades. Abaixo a rebelião! Avante a Educação!
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