domingo, 3 de maio de 2009

Quando um não quer...

Quando um não quer... Dois ou mais não aprendem! Ou aprendem?

Terminado o primeiro bimestre, após o conselho participativo (com professores, pais e alunos) e divulgadas as notas bimestrais e as estatísticas de cada classe, resta agora uma breve análise do primeiro bimestre.

Felizmente os problemas disciplinares estão diminuindo a cada ano e são poucos agora os alunos que apresentam disturbios e desajustes sócio-comportamentais. Claro que em algumas salas as coisas são piores que em outras, mas na média geral temos tido alguma melhora de ano para ano.

O que está no foco das atenções desde o ano passado e ainda é um problema de difícil enfrentamento é a própria qualidade da aprendizagem. E estou usando aqui o termo "aprendizagem" e não "ensino" porque o foco desta vez é no aluno, em sua família e na sua trajetória escolar.

Algumas coisas ficaram bastante claras, já nesse primeiro bimestre:
  1. Os alunos chegam cada vez piores ao Ensino Médio. Mesmo os alunos que já estão no Ensino Fundamental na própria escola tendem a chegar no Ensino Médio cada vez menos preparados;
  2. Os alunos não têm hábitos de estudo, não estudam em casa, não fazem tarefas de casa e não têm interesse por atividades no contraturno;
  3. As famílias não têm o hábito de acompanhar o desempenho escolar dos filhos, não os incentivam ao estudo, não vêem no estudo algo importante para seus filhos e não investem na educação dos mesmos;
  4. Mesmo a escola sendo uma das melhores da região em todos os indicadores externos (Saresp, Idesp e Enen), e possuindo um corpo docente na maioria estável e dedicado, fazendo uso de novas tecnologias, dinâmicas mais modernas de aula e diversas atividades interessantes para os alunos, ainda assim não conseguimos criar uma "cultura estudantil" nos alunos.
Enquanto algumas pesquisas mostram claramente a importância do estudo na vida das pessoas, a mídia as iguala por padrões de consumo. Embora cada ano a mais de escolarização signifique em média 11% a mais de salário, as famílias ainda acreditam que seus filhos devam abandonar ou menosprezar a escola e iniciar no mercado de trabalho aos 14 anos. Mesmo sabendo que é possível concorrer em universidades públicas, nossos alunos ainda planejam trabalhar e juntar dinheiro para pagar faculdades particulares. É a pobreza em sua face mais perversa: a miséria dos sonhos pequenos.

Nessa próxima semana minha tarefa será divulgar as notas bimestrais, comentar as avaliações e, mais uma vez, tentar convencer os meus alunos de que eles são muito melhores do que a imagem que têm de si mesmos, que podem muito mais do que seus pais puderam e que o único limite que têm que superar é sua própria pobreza de sonhos. Vamos lá então...

Um comentário:

  1. Oi professor

    Depois de ler este post, me senti mais confortável: é bom saber que tudo o que você diz no Professor Digital está linkado na prática de sala de aula... Suas afirmações lá, adquirem mais força de verdade aqui no Nave Escola, com seus relatos e impressões do cotidiano de educador, comum a todos (ou muitos de?) nós.

    ResponderExcluir

Todos os comentários são moderados, portanto pode demorar algum tempo (até três dias) para que o seu comentário seja publicado.

Eu não comento todos os comentários no próprio blog. Não entenda isso como descaso meu.

Muito obrigado por ter visitado meu blog, lido meu texto e o comentado.

Se tiver um blog também e quiser ligá-lo ao meu, fique à vontade. Se quiser que eu coloque um link do seu blog no meu blog, por gentileza envie-o à mim por e-mail.

Abraço,
Prof. JC