Parece que meu post de ontem "teve poderes místicos". Entramos em greve. :)
A partir de hoje, 24/03, e até que decidamos encerrar nossa greve ou voltarmos individualmente ao trabalho, para todos os efeitos, a quase totalidade do corpo docente da nossa escola decidiu aderir à greve conjuntamente. As razões podem ser individuais e as mais variadas, mas desconfio que uma boa parcela da motivação para entrar nessa greve deva ter sido dada pelo nosso amado Secretário da Educação, o Sr. Paulo Renato, e o conjunto de malvadezas que o governo Serra vem promovendo na educação paulista.
Desde o início da greve nosso secretário vem batendo nos grevistas em todas as entrevistas, insistindo que a greve não tem mais do que 1% de adesão e que está sendo motivada "apenas" por razões políticas (como já discuti no post anterior). Por razões didáticas talvez queiramos ensinar o nosso Secretário a contar usando números maiores do que "1". Que tal 50%, 60% ou mesmo 80%?
Além disso, e da "pauta de reivindicações" (deveras esdrúxula, devo concordar), parece que outras provocações ocorreram: como barrar, ainda na estrada, os ônibus dos professores que foram à São Paulo na última manifestação e intensificar uma campanha publicitária (que deve ter custado baratinho baratinho) mostrando todas as glórias obtidas na educação paulista, como se todos devêssemos estar contentes e satisfeitos; ou a proibição de que as escolas divulguem o número de grevistas para os jornais, ou a ameaça de "prejudicar o bônus" dos professores grevistas, etc., etc. Razões muitas ele tem dado (nem parece que é do mesmo partido que o Serra - mas não se iludam, ele é).
Ou talvez, ainda, tenha alguma relação com o fato de que as "supostas melhoras" apontadas no Saresp e divulgadas recentemente (e que foram, na verdade, ridículas) devam-se unicamente ao brilhantismo da Secretaria de Educação que, ao que parece, decidiu criar leis que proibem professores de ficarem doentes (e por isso agora eles não faltam mais ao serviço), "implantou um currículo" (como se não houvesse currículo nas escolas paulistas nos 14 anos anteriores de governo do PSDB!!! Que vergonha...) e distribuiu apostilinhas para "encinar" (sic sic sic!!!) os professores a darem aulas... E seguem-se ainda um número absurdo de outras barbaridades e malvadezas que não terei estômago para listar aqui.
Enfim, acho que nosso secretário acabou conseguindo o que queria (???) e irritou ainda mais os professores. Ou talvez o "gado" tenha percebido que tem força e está em maior número, e esteja enfim se insurgindo, sob os auspícios encorajadores de um ano eleitoral - mas ainda assim não deixa de ser uma boa notícia. De qualquer forma, estamos em greve também.
Como a imensa maioria dos professores da nossa escola aderiu à greve de uma única vez, hoje, e pelo resto da semana, pelo menos, não deveremos ter aulas, pois é impossível substituir a quase totalidade do corpo docente da escola por professores eventuais (que, aliás, são raros, ainda que não sejam caros). Além disso, os poucos professores que não puderam aderir à greve por razões pessoais e justificáveis, não deverão ter alunos, já que estes e seus familiares, na nossa escola, historicamente têm apoiado o corpo docente nesses movimentos reivindicatórios.
No meu site (Cantinho do Prof. JC) dou mais algumas informações específicas aos meus alunos sobre como proceder em relação às minhas aulas, mas aproveito para adiantar aqui que enquanto meus colegas da escola estiverem decididos a manterem essa greve, meu propósito e estar ao lado deles.
Tenho também a impressão de que o movimento grevista está ganhando força ao invés de perdê-la, e que todo escárnio com que os professores têm sido tratados está servindo como um bom fermento. Por isso creio que em muito breve a grande mídia (aquela que tem seus contratos milionários com o governo) acabará tendo que noticiar esse crescimento.
Por fim, embora eu continue duvidando que essa greve vá para além do dia 31/03 (quando o governador José Serra se descompatibilizará, entregando o governo para seu vice), eu gostaria muito de vê-la indo até o limite em que algumas das reivindicações (principalmente as salariais) fossem negociadas em bons termos. Ainda que sem muita esperança, vou ficar na torcida para que a facção pelega do sindicato não se ajoelhe antes da hora.
Aguardemos as novidades...
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