sábado, 14 de novembro de 2009

Sem tempo, sem tempo, sem tempo...

Está difícil até arrumar tempo para fofocar nesse meu blog. E o pior é que razões para fofoca não faltam. Mas todo ano é assim mesmo, nos meses finais tem sempre muita correria, muita afobação e o mesmo destino de todos os outros anos: lugar nenhum.

Nessa época já estamos pensando em fechar as notas até o final de novembro. Claro, as aulas vão até a véspera do Natal (aulas não, "dias letivos" - Santa Enganação, Batman!), mas as notas têm que estar na secretaria até o final do mês e os alunos, que são tão espertos quanto os políticos eleitos por seus pais, também sabem que depois do final de novembro só restam "dias letivos" e que faltar à escola nessa época "não dá nada não".

Nesta semana tivemos de tudo na escola. Já na terça-feira, em pleno início da quarta-aula, o apagão misterioso que pifou meu datashow e me deixou literalmente na era do "Professor Giz & Tal". Tudo bem, também sei ser professor "tecnologicamente prejudicado". Depois tivemos uma sexta-feira "emendada", consequencia do apagão educacional causado por uma excursão ao Hopi Hari que ocorre todo ano e sempre é a mesma coisa: meia dúzia de pica-paus vão brincar no parque e outros 500 matam as aulas. Mas como "não dá nada não"...

O resumo da história foi que aproveitei a sexta de manhã para buscar os datashows pifados na assistência e  para tentar recuperar um notebook desconfigurado da escola (e ainda não consegui reconfigurar o coitado - ainda bem que vem SARESP aí pela frente) e à noite, quando eu só tinha duas aulas, dei uma delas até antes do intervalo e depois a classe foi dispensada, porque se não fosse seria um absurdo 30 alunos assistindo aula de física sozinhos em uma sexta-feira à noite e o resto da escola literalmente "apagada". Será que seria um absurdo mesmo? Ou não terá sido absurdo tê-los mandado embora? Pausa para para um momento de reflexão pedagógica...

Ainda preciso confirmar com os alunos a data da palestra sobre o exame do ENEM, mas acho que estou me preocupando à toa. Os alunos dos terceiros colegiais, que deveriam ser os maiores interessados, parecem que não estão nem aí com o exame. Apesar de todos os esforços ao longo de todos esses anos, a pressão que eles recebem do "meio" é sempre maior e na cabecinha da maioria deles ainda sobrevive a idéia Aristotélica do "lugar natural de cada coisa"; a maioria ainda acredita que universidade, e principalmente se for pública e de boa qualidade, é lugar natural para ricos ou nerdes debilóides, e que o lugar deles é mesmo na sala, assistindo novela ou futebol.

Semana que vem tem SARESP e, portanto, também não tem aula nos terceiros anos (e tome dia letivo!).  Acho que teremos alunos nas outras séries (que não fazem o SARESP), mas como "não dá nada não..." talvez alguns resolvam decretar férias antecipadas também nessa semana. Enquanto isso... Em algumas salinhas fechadas, com cafezinho free e ar condicionado, pensadores refinados e altamente graduados fazem profundas reflexões pedagógicas sobre as causas do fracasso escolar... E, claro, vão concluir o de sempre. Afinal, para eles também "não dá nada não".

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