domingo, 1 de novembro de 2009

De volta para o passado





Não, não estou falando do título de nenhum filme não, estou falando da minha volta à sala de aula depois de um certo e incerto merecido descanso.

O retorno à escola é sempre algo emocionante: ninguém sentiu saudades, ninguém ligou, ninguém mandou flores. É óbvio, eu não morri.

Se tivesse morrido, e numa quarta-feira de manhãzinha, de preferência na própria escola, então as aulas seriam suspensas devido ao "constrangimento emocional causado aos alunos", na quinta as aulas seriam suspensas porque os professores colegas faltariam para ir ao enterro (embora fossem ao boteco e não ao cemitério) e na sexta... bem, sexta-feira nunca foi dia de aula mesmo, então emendariam. Daí sim, eu ganharia uma ridícula coroa de flores baratinha e comprada com as migalhas doadas à contragosto pelo corpo docente e amigo. Mas, para o azar de todos, estou vivo!

Descobri que nos dois meses que estive fora, a programação do meu curso "andou para trás". Yes! Parece que voltamos alguns capítulos. Seria estranho se não fosse uma verdadeira escola pública, mas aqui é normal.

Não, não adianta culpar os meus substitutos, eles fizeram o melhor que puderam. Além disso, quem se importa? Estão todos igualmente felizes e satisfeitos. Ninguém acompanha essa tal de "programação" mesmo. Currículo é só uma carta de más intenções e a aprendizagem... bom, deixa prá lá, ninguém se importa também.

Ainda estou em fase de "atualização de dados". Já sei, por exemplo, que as reposições de aula aos sábados são mesmo uma farsa como todos sabiam de antemão (mas não contem para ninguém, porque o que conta é contar os dias letivos... ops, contei!). Todos sabiam que os alunos não iriam, que os poucos que fossem seriam apenas "enrolados" (no bom sentido, é claro) e que, ao fim e ao cabo, a culpa é de quem mandou dispensar os alunos para as festas gripais de meio de ano para depois convocá-los para aulas fantasmas de final de semana. Tudo bem também, ninguém liga mesmo.

Também descobri que apenas cerca de 1% apenas dos meus alunos ainda vão para a escola levando o livro didático. Mas afinal, para "andar para trás" para que se precisa de livros? Agora vou gastar o resto do ano cobrando deles que "descubram onde enfiaram os seus livros".

Vou aproveitar a catastrofe curricular e relançar meus cursos online (EAD na plataforma Moodle) de apoio às aulas presenciais. Pelo menos assim, se os alunos não aprenderem física, eles aprenderão a aprender em um ambiente virtual de aprendizagem.

Ainda tenho cerca de um mês de aulas, ou quatro semanas, para dar conta dos conteúdos do quarto bimestre (e o que mais for preciso) e para terminar tudo e avaliar os alunos. Depois disso vem dezembro e, como sabemos, dezembro também não tem aulas, tem somente dias letivos. Puxa, como temos dias letivos! São duzentos!!! Se tivéssemos aulas em alguns deles faríamos uma revolução educacional.

Como sou um professor otimista, que acredita em duendes e discursos políticos, vamos que vamos!

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