sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Planejamos?

É, acabou-se o planejamento anual de 2009. O que foi mesmo planjeado?

Primeiro vamos aos fatos. A escola recebeu duas cópias do kit de Cadernos do Professor versão 2009 que, em essência, é o mesmo kit de 2008 com "talvez" algumas pequenas correções de texto. Os kits puderam ser consultados pelos professores (com a ressalva de que estavam sendo apenas emprestados para consulta e, portanto, só pode olhar, não pode pôr o dedinho viu?!), mas não são ainda os kits dos professores; estes só chegarão... sei lá quando. A escola também recebeu uns pacotes de "Cadernos do aluno", mas isso não era para ser "mexido" porque ainda não chegaram todos, estes estavam "embalados" e, etc. A DE forneceu à Coordenação algumas instruções sobre textos que deveriam ser levados para os professores lerem e algumas instruções foram passadas aos Coordenadores por meio de videoconferências. Uma apostila xerocada de algum lugar trouxe uma "proposta" (agora tudo aquilo que se quer empurrar goela abaixo vem com o sugestivo nome de "proposta") para o professor aplicar nas primeiras aulas, enquanto se espera chegar algum outro material.

Ah sim, recebemos a notícia de que "os projetos voltaram!". Oh, viva! A DE enviou uma listinha de projetos obrigatórios da SE que os professores têm que desenvolver e mais alguns "quase obrigatórios" da própria DE. Cumpra-se.

Então foi assim. Lê-se um texto, responde-se um questionário, discute-se os velhos problemas locais, distribui-se uma apostilinha para a primeira semana e acabou. De planejamento mesmo não se viu nada. Interdisciplinaridade? Transversalidade? O que é mesmo isso? Ninguém saiu desses três dias com nenhum planejamento resultante dessas discussões de textos ou da discussão dos problemas mundanos do dia a dia, como o eterno problema de ter que fazer vaquinha para pagar a própria água que se bebe.

Ah sim, é verdade, pagamos a própria água que bebemos! Não existe verba para professor beber água mineral nem para tomar cafezinho. Então fazemos vaquinha, da mesma forma como temos que providenciar latinhas, barbantes e palitos de sorvete chupados para montar kits de experimentação para nossos laboratórios, ou conseguir papel com os alunos para imprimir provas, listas de exercícios, etc. E todo ano essa discussão didático-pedagógica sobre como ratear o custo da água, fundamental para o planejamento anual e para a educação em geral, cria uma confusão danada porque há professores que não pagam a "taxa de água" e alegam não beber água (genial!).

Essas mundanas questões é que tomam a maior parte do tempo e da energia dessas reuniões de planejamento em que nada há para planejar. Pelo menos temos histórias ridículas para contar depois.

O que me consola é que lá na Secretaria de Educação, onde há bebedouros e máquinas de café espalhadas por todos os corredores, onde você pode escolher se quer um expresso, um capuccino ou um chocolate quente, e é tudo absolutamente free, as brigas devem ser ainda mais homéricas! Já imaginou como deve ser complicado a vaquinha feita lá para ratear os custos disso tudo?

E, verdade seja dita, não há mesmo o que planejar. Ou há? Se tudo correr como "sugerem" os nossos "chefes", basta seguirmos a apostila (ops, Caderno do Professor e Caderno do Aluno) e pronto, tá feito! Ah sim, várias disciplinas já têm livros didáticos para esse ano (obrigado MEC!), mas quem se importa com isso?

Evidentemente se pode justificar qualquer coisa e é claro que esses três dias podem ser justificados de milhares de maneiras diferentes, mas cá entre nós, se eu pudesse ter ficado em casa, trabalhando solitariamente no planejamento do meu curso e das minhas aulas, com toda certeza essas 24 horas de trabalho teriam sido muito mais produtivas para a sociedade que paga o meu salário do que me tirar daqui para discutir se devemos promover algum evento para arrecadar dinheiro para pagar a água e o cafezinho (as bolachas nós roubamos da merenda que a prefeitura fornece aos alunos) ou se vamos novamente pregar na parede na sala dos professores a lista daqueles que pagaram e dos que ainda não pagaram a água que vão tomar (ou não, lembrando que temos professores que não tomam água!).

Semana que vem os alunos voltam. Evidentemente não haverá aula no sentido formal porque é preciso resolver "n" assuntos fundamentais que vão desde a apresentação do pessoal e da escola até a distribuição dos kits de materais didáticos do MEC e do Governo do Estado. Tem-se que discutir com os alunos os "contratos" da escola e de cada professor, orientar sobre a conservação dos materiais recebidos, etc. etc. Depois vem o Carnaval e a ressaca. Quiçá março nos traga alguma novidade.

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