"Não há possibilidade de melhorar o desempenho dos estudantes se os professores não se sentirem motivados". (Maria Helena Guimarães de Castro, secretária de Educação de SP)
Concordo com minha chefa. Só não entendo muito bem a relação que ela vê entre "motivação do professor" e "bônus por mérito" (expressão que a Secretaria de Educação usa para se referir ao dinheiro "extra" pago a alguns profissionais em época incerta do ano e por critérios variáveis de ano para ano).
Primeiro porque o "bônus por mérito" é recebido também por todos os demais funcionários da educação e não apenas pelos professores, embora estes sejam os "responsabilizados" pelo fracasso das políticas educacionais.
Segundo porque os critérios para distribuir o "bônus por mérito" têm mudado de ano para ano e aquilo que se poderia chamar de "mérito" não me parece ser exatamente "meritório". Nesse ano, por exemplo, o bônus pago a todos os funcionários da educação depende basicamente do aumento do índice do Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo) da escola, mas não depende do índice em si. Na prática isso significa que se a escola for "excelente" e não conseguir melhor mais, seus professores e funcionários não têm mérito nenhum e, portanto, terão bônus nulo. Já para a escola que é péssima, se melhorar um pouquinho poderá atingir a "meta" em 100% e receberá bônus integral! É o mesmo que dizer que em uma escola que forma analfabetos, mas que melhoraram 5% em relação ao ano anterior, o mérito é infinitamente maior do que o de outra escola que forma excelentes alunos mas que não teve 5% de melhora na sua excelência.
O Idesp leva em consideração apenas as avaliações do Saresp de português e matemática e o indicador de fluxo (grosso modo: quantos alunos passam de ano em relação ao total de matriculados) e só leva em consideração os alunos das séries terminais (quarta e oitava série do Ensino Fundamental e terceiro colegial no Ensino Médio). Com base no aumento desse índice a secretaria infere até que ponto todos os funcionários da escola têm ou não mérito.
Aqui na EE Neuza Nazatto nós discutimos hoje os números do nosso Idesp. No Ensino Médio nossa meta foi superada em 120%, mas no Ensino fundamental nosso Idesp caiu em relação ao ano passado. No cômputo geral atingimos 85% da meta. Seja lá o que for que isso signifique em termos de "mérito", na prática significa que todos os funcionários deverão receber algo como dois salários extras. Meus credores agradecem a generosidade com o dinheiro público, mas eu particularmente não vejo nisso nenhum incentivo a mais ou a menos para o meu trabalho. Talvez eu ficasse realmente mais motivado e me sentisse de fato "reconhecido por mérito" se a cada mês eu recebesse um salário cinco vezes maior do que o que eu recebo... Mas aí só sendo político ou amigo de governante, né?
Primeiro porque o "bônus por mérito" é recebido também por todos os demais funcionários da educação e não apenas pelos professores, embora estes sejam os "responsabilizados" pelo fracasso das políticas educacionais.
Segundo porque os critérios para distribuir o "bônus por mérito" têm mudado de ano para ano e aquilo que se poderia chamar de "mérito" não me parece ser exatamente "meritório". Nesse ano, por exemplo, o bônus pago a todos os funcionários da educação depende basicamente do aumento do índice do Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo) da escola, mas não depende do índice em si. Na prática isso significa que se a escola for "excelente" e não conseguir melhor mais, seus professores e funcionários não têm mérito nenhum e, portanto, terão bônus nulo. Já para a escola que é péssima, se melhorar um pouquinho poderá atingir a "meta" em 100% e receberá bônus integral! É o mesmo que dizer que em uma escola que forma analfabetos, mas que melhoraram 5% em relação ao ano anterior, o mérito é infinitamente maior do que o de outra escola que forma excelentes alunos mas que não teve 5% de melhora na sua excelência.
O Idesp leva em consideração apenas as avaliações do Saresp de português e matemática e o indicador de fluxo (grosso modo: quantos alunos passam de ano em relação ao total de matriculados) e só leva em consideração os alunos das séries terminais (quarta e oitava série do Ensino Fundamental e terceiro colegial no Ensino Médio). Com base no aumento desse índice a secretaria infere até que ponto todos os funcionários da escola têm ou não mérito.
Aqui na EE Neuza Nazatto nós discutimos hoje os números do nosso Idesp. No Ensino Médio nossa meta foi superada em 120%, mas no Ensino fundamental nosso Idesp caiu em relação ao ano passado. No cômputo geral atingimos 85% da meta. Seja lá o que for que isso signifique em termos de "mérito", na prática significa que todos os funcionários deverão receber algo como dois salários extras. Meus credores agradecem a generosidade com o dinheiro público, mas eu particularmente não vejo nisso nenhum incentivo a mais ou a menos para o meu trabalho. Talvez eu ficasse realmente mais motivado e me sentisse de fato "reconhecido por mérito" se a cada mês eu recebesse um salário cinco vezes maior do que o que eu recebo... Mas aí só sendo político ou amigo de governante, né?
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